PHENIX CAIXEIRAL
Associação dos Empregados do Comércio
do Ceará
O motivo principal que suscitou a ideia de uma agremiação que salvaguardasse a classe caixeiral em Fortaleza foi o elevado grau de exploração dos empregados do comércio por parte dos comerciantes que chegou a termos insuportáveis, sendo essa atividade comparada à escravidão por muitos dos seus representantes, entre os quais cito Rodolfo Teófilo. Os patrões por sua vez justificavam tal situação devido ao fato de serem os comerciários desprovidos de instrução e cultura. Cientes de serem agentes pagadores de impostos ao Estado, os patrões não demonstravam qualquer sinal de negociação com os empregados. Esses por sua vista não possuíam qualquer entidade coletiva que os representasse.
Eram lastimáveis as condições de trabalho dos auxiliares do
comércio em Fortaleza. Os mesmos não tinham direito ao voto, e eram equiparados
aos criados de servir. As fontes conhecidas nos indicam que o perfil da maioria
dos caixeiros era de jovens migrantes, filhos de pequenos pecuaristas e agricultores
do sertão, que deixavam suas localidades por falta de perspectivas. Esses
jovens eram compelidos à profissão de caixeiros de balcão ou a pequenos
comerciantes.
Em Fortaleza, a partir do terceiro quartel do século XIX, configura-se um ambiente sócio econômico favorável ao surgimento de uma
incipiente classe média, que se formava por conta da baixa atividade econômica em
todo o estado que à época girava em torno da cultura do algodão.
Os reflexos da plantação, logística e exportação do algodão
em uma Fortaleza ainda provinciana, propiciam saltos de desenvolvimento
significativo. Intelectualmente forma-se um caldeirão de ideias na mente dos
jovens que se materializam na forma de várias agremiações culturais e
recreativas.
Engajados na campanha abolicionista os caixeiros fundam o Clube Abolicionista Caixeiral em 1873 sob a direção de Antonio Papi Junior.
Em 1870 a classe caixeiral cria a Sociedade Beneficente,
tendo seus estatutos aprovados em 1871, com o nome de 8 de Dezembro.
Nesse contexto os caixeiros, assim eram chamados os
comerciários à época, iniciaram uma movimentação no sentido de criar uma
instituição que fosse capaz de representá-los, trazer visibilidade à categoria,
instrução e beneficência. O engajamento de Miguel Teixeira da Costa Sobrinho,
Bemvindo Alves Pereira, Heraclito Domingues da Silva, Raymundo Cabral, Januário
Augusto Fernandes e Cesar A. da Silva e demais caixeiros materializou os
anseios da classe dos auxiliares do comércio e fundou a 24 de maio de 1891 a
Sociedade Phenix Caixeiral, reunião ocorrida nas dependências do imóvel de n° 193 da Rua Formosa. Ato contínuo proclamou o Presidente Provisório que foi o
Sr. José Vieira da Mota, que instalou nesse momento a mesa provisória com seus
componentes.
Analisando os nomes de seus idealizadores percebe-se quão humilde era essa recém-criada associação. Talvez essa suposta fragilidade tenha
suscitado oposição à ideia, capitaneada por alguns patrões que encontrou eco em
uns poucos colegas comerciários. Superados os obstáculos os seis jovens acima
citados instalaram solenemente no dia 24 de junho seguinte a Phenix Caixeiral,
Instituição sociocultural, educacional, beneficente e filantrópica que
rapidamente alçou elevado grau de reconhecimento por parte de toda a sociedade
de Fortaleza e prestígio de seus associados.
Após a eleição foi nomeado presidente Antônio Alves Brasil.
Em agosto do mesmo ano de 1891 abriram-se as aulas da sua Escola
de Comércio, um dos cursos mais concorridos à época em Fortaleza.
Atingindo grande êxito a Phenix Caixeiral inaugura a primeira
sede própria em 1905, localizada na esquina da Rua Guilherme Rocha com General
Sampaio (demolida) e com a expansão das atividades a segunda e maior sede que
ficava Na Rua 24 de Maio esquina com Guilherme Rocha (demolida).
Existiu a Phenix Caixeiral de 1881 a 1979.
O Instituto do Ceará, que é considerado o repositório de
nossa memória e coexistiu a Phenix, nada produziu sobre a Instituição. Exceto
uma revista de tiragem ocasional, não houve na época nenhuma publicação
contemplando sua atuação.
Não se questiona o mérito do final de suas atividades fim. Porém a falta de registros históricos e fontes documentais primárias, provavelmente extraviadas, Impossibilitam uma análise mais aprofundada do seu apogeu com reflexos na área sociológica. A nulidade da conservação do seu patrimônio material constitui-se em perda significativa de importante capítulo da História de Fortaleza.
Armando Farias
CEARÁ. Governo do Estado. Terra cearense: álbum de propaganda em geral, organizado no governo do Eminente Desembargador José Moreira da Roca,1925.
SILVA, Pedro Alberto de Oliveira. A “Phenix Caixeiral” (1891 – 1979) e como desapareceram dois testemunhos importantes da História de Fortaleza. Revista do Instituto do Ceará, 2008.
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