2020 ዲሴምበር 31, ሐሙስ

O “Panteão” de heróis que inauguraram a Capitania do Siará

Não se pode negar a primazia de Pero Coelho de Sousa quando se fala em Inauguração da Capitania do Siará Grande. Em parte desafortunado por ter se deparado com terrível seca que obrigou sua retirada, a primeira que a história cearense registra (1605-1606). (GIRÃO, 1962). Em parte exitoso por ter banido os franceses do Ceará. 

Uma constante na História da Capitania do Siará Grande foi a situação de extrema pobreza que perduraria por séculos. Deixou então Coelho o Siará e seu paupérrimo Forte de São Tiago, que segundo informações documentais era uma simples paliçada. 

Barroso (1962, p. 29)
Catequese no Ceará
Num segundo momento figuram os Padres Francisco Pinto e Luis Figueira. Partiram de Pernambuco nos primeiros dias de 1607 em uma embarcação acompanhados por 60 índios de várias tribos. Pertenciam à Companhia de Jesus, a expedição tinha caráter evangélico e objetivava catequizar os gentis até o Maranhão. Atingiram até a Serra da Ibiapaba, porém devido a muitos percalços abortaram a ideia de ter até aquele estado. Decididos a retornarem junto ao mar, sofreram furioso ataque dos Tocarijus, no dia 11 de janeiro de 1608, ocasionando a morte de Padre Pinto. Luis Figueira após meses de retirada foi socorrido por uma embarcação a mando de Jerônimo de Albuquerque. Relatos em detalhes do Padre Figueira constam na Relação do Maranhão. Após deixar o Siará o Padre Luis Figueira passa anos em Pernambuco. Morre trucidado por índios Aruãs como náufrago na Ilha de Marajó, em 1643. 

Por fim, Martin Soares Moreno, que entre os anos de 1612 a 1631, entre idas e vindas não poupou esforços para prover a Capitania do Siará. Escreveu a Relação do Siará onde deparamos com realizações como a vinda do Padre Baltasar, luta contra flibusteiros e a construção do Forte de São Sebastião. 

Após anos afastado, Martin Soares Moreno retorna ao Siará em 1621 retomando antigas demandas, entre elas a remodelação do Forte de São Sebastião. Em 1624 solicitou e conseguiu junto ao Frei Cristovam Severim de Lisboa dois padres, e com o governador Francisco de Carvalho, artilharia e munição, bem como a atualização dos soldos que se encontravam em atraso. Também são suas realizações a criação de cavalgaduras e gado vacum e a plantação de canas de açúcar. 

Martin Soares Moreno deixou o Siará em 1631 ao término de sua provisão. Em Pernambuco lutou heroicamente contra os holandeses. Foi agraciado com o título de Mestre de Campo.

Armando Farias

BARROSO, Gustavo. À margem da história do Ceará. Fortaleza: Imprensa Universitária do Ceará, 1962.
GIRÃO, Raimundo. Pequena história do Ceará. 2. ed. Fortaleza: Editora Instituto do Ceará, 1962.

2020 ዲሴምበር 30, ረቡዕ

De capitania subalterna a um dos estados mais promissores da região

Como já mencionado, após a criação do sistema de capitanias para assegurar a posse portuguesa sobre o Brasil, a Capitania do Siará Grande permaneceu em relativo abandono até o início do século XVII (1603). 

Parte desse desinteresse deu-se ao fato que o solo da chamada “costa Leste-Oeste” mostrava-se impróprio para a indústria açucareira, que movia a economia desse período. Contudo a costa cearense era visitada por flibusteiros à procura de recursos extrativistas, que propiciavam um lucro rápido no comércio europeu. Um maior continente e uma maior frequência de franceses nas imediações do litoral, levou Pernambuco a crer na existência de minerais na região. Esse fato motivou a vinda da primeira expedição exploradora chefiada por Pero Coelho de Sousa, que, para tanto, recebera o título de Capitão Mor. 

Encontrava-se o território que compreende o atual Ceará habitado por tribos indígenas de diversas denominações. Estavam os vales cobertos por vegetação arbórea tais como o oitizeiro, jatobá e cedro. Nas áreas mais secas e tabuleiros encontrava-se em abundância, pau ferro, mulungus, jenipapeiros e cajueiros; nas várzeas, o carnaubal. Rios e lagoas também abundavam, visto que nas proximidades do litoral havia maior volume de chuvas. 

A princípio a capitania do Siará Grande ficou vinculada ao Estado do Grão Pará e Maranhão, que eram administrativamente separados do Estado do Brasil. Isso se deu por conta das correntes oceânicas que propiciavam maior facilidade na comunicação de São Luis e Belém direto com Portugal. Posteriormente, a capitania do Siará foi transferida para a administração do Estado do Brasil, passando à condição de capitania subalterna aos governadores de Pernambuco. 

Por Jhonatan Gomes Diniz - Obra do próprio, CC BY-SA 4.0. 
Disponível em: https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=94840275

Como se pode depreender, todo o contexto histórico do que hoje é o Nordeste se encontra interligado. Ao longo da exposição dos fatos históricos pode-se discorrer sobre o fato de alguns estados da região estarem menos desenvolvidos que outros, e mais ainda, os que estão em melhor situação deveriam estar equiparados aos mais desenvolvidos. 

No caso específico do Ceará contamos ao longo dos séculos com a paixão e dedicação de homens e mulheres que através de suas mais variadas atuações alçaram uma inexpressiva capitania, que mais se assemelhava a um entreposto militar ao promissor Estado do Ceará.

Armando Farias

2020 ዲሴምበር 28, ሰኞ

Capitania Siará Grande: um convite diferente para conhecer a história do Ceará

Capitania Siará Grande, esse pode ser o termo mais antigo do que hoje se conhece por Estado do Ceará.


A Capitania do Siará Grande figura entre as primeiras donatarias criadas pela coroa portuguesa com objetivo de salvaguardar o “imenso patrimônio que recebera de Cabral.” (Girão, 1962)

Procedendo com seu objetivo D. João III, de Portugal determina que o atual território cearense fosse dividido em três doações. Os seus respectivos donatários fizeram a primeira tentativa de explorar seus legados juntando-se em uma expedição (1535), que teve a frota de navios arrasada em uma tempestade na costa do Maranhão, antes de tocar o solo cearense. Nova tentativa em 1550 não logrou êxito. Oficialmente falando, foi Pero Coelho de Sousa que em 1603 de fato concretizou e tomou posse da Capitania do Siará Grande.

Com a proposta de revisitar  fatos referentes a Capitania do Siará Grande, o Ceará provincial e ao atual Estado do Ceará que estão diretamente imbricados com o Nordeste Brasileiro fica aqui um espaço de valorização e visibilidade da Região. Região essa que então constituía-se a mais rica do Brasil, conservando-se diversificada em todos os aspectos e historicamente pouco noticiada.

Por motivos políticos a capital Salvador foi deslocada para outra região passando então a coroa a favorecer uma mudança no eixo político e econômico da colônia em detrimento as capitanias do Norte, penalizadas com altos impostos. Essa postura permeou todo o período imperial e consolidou-se na república.

Não um texto didático, cronológico e enfadonho, e sim algo leve que interesse ao “leitor” para os importantes fatos históricos que permanecem obscuros por razões quaisquer.


 
Armando Farias

GIRÃO, Raimundo. Pequena história do Ceará. 2. ed. Fortaleza: Editora Instituto do Ceará, 1962.