Foram inúmeras as mulheres que fizeram História no Nordeste do Brasil. Falar de todas seria tarefa impossível. Assim optei por citar apenas uma, porém emblemática. Beatriz (Brites na grafia da época) de Albuquerque.
Dona Brites de Albuquerque era uma nobre portuguesa, esposa do primeiro donatário de Pernambuco, Duarte Coelho e filha de Dona Joana de Bulhões e Lopo de Albuquerque, Conde de Penamacor. Por ter assumido o governo da capitania por mais de uma vês é reconhecida como a primeira governante das Américas.
Brites de Albuquerque nasceu em Portugal em 1517, portanto chegou bem jovem ao Brasil. Beatriz fazia parte da poderosa Família dos Albuquerque, arrolados entre os “barões assinalados” do poema Os Lusíadas.
Brites de Albuquerque teve dois filhos, ambos nasceram em Olinda, Duarte Coelho de Albuquerque e Jorge de Albuquerque Coelho. Assumiu interinamente o governo da capitania de Pernambuco pela primeira vês quando o marido, Duarte Coelho foi envolvido em uma intriga e teve que viajar a Lisboa, ocasião que aproveitou para levar os filhos pequenos para completar os estudos no Reino.
Principiou-se esse mal entendido quando da criação do governo Geral do Brasil com sede em Salvador em 1549. Essa forma de governo fora criada pela coroa pelo fato de terem arruinado o sistema de capitanias, porém Pernambuco ficara de fora por ter tido pleno êxito. Administrativamente Olinda passou a ser assistida com uma Câmara Municipal, uma das primeiras criada no Brasil, o Senado de Olinda, informações que constam em carta datada de 15 de abril de 1548 de Duarte Coelho para o Rei Dom João III. Em 1554 Duarte Coelho viaja para Portugal para audiência com o rei, porém como já era idoso vem a falecer em Lisboa.
Com a morte do marido Dona Brites permanece como regente, ocupando o cargo com todas as honras e obrigações devidas, recebendo, inclusive o título de Capitoa. Brites permanece governando até a maioridade dos filhos. Estes regressaram de Portugal por volta de 1660, quando Duarte de Albuquerque assume como segundo donatário. Os dois filhos de Dona Brites tiveram que voltar a Portugal para serem incorporados a armada do rei Dom Sebastião em 1572, aonde feridos vieram a falecer.
Mais uma vez dona Brites assume o comando da capitania de Pernambuco permanecendo no cargo até a sua morte em 1584.
A revista do IAHGP, (Instituto Arqueológico Histórico e Geográfico de Pernambuco) ano 1947, transcreveu o registro da transmissão de poder do filho para a mãe:
“Passar cartas de ofícios e serventes deles e de confirmações, e de tudo o mais que ela vir que é necessário e que cumpra a governança da terra, e possa dar terras de sesmarias, e licenças para se fazer engenhos de águas, e trapiches, e marinhas de sal, e todos os engenhos que se houverem de fazerem toda essa capitania, conforme capítulo de doação...” (CAVALCANTI, 2012, p. 223)
Diante de tão importantes fatos relacionados ao pioneirismo de Dona Brites fica o orgulho de nós nordestinos por termos acolhido em nossa região uma mulher admirável sob todos os aspectos de sua personalidade.
"Dona Beatriz é considerada pelos especialistas como uma das mais ilustres brasileiras, sendo que durante o seu governo, manteve a ordem e a paz da Capitania de Pernambuco, combatendo as insurreições indígenas, legislando e controlando os assuntos dos colonos e construindo e urbanizando núcleos, como Olinda, onde faleceu, provavelmente entre junho e outubro de 1584." (WIKIPÉDIA)
Armando Farias
CAVALCANTI, Carlos Bezerra. Olinda: um presente do passado. Olinda: 2012.
FREYRE, Gilberto. Olinda: 2º guia prático, histórico e sentimental de cidade brasileira. 3. ed. rev. atual. aum. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1960.