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ዓርብ 18 ማርች 2022

DIA DE SÃO JOSÉ

O dia 19 de março é dedicado a São José, instituído desde o ano de 1621 por decreto do Papa Gregório XV. No Ceará ele é padroeiro oficial do estado. Para o cearense, no folclore local, determina se haverá estação chuvosa abundante naquele ano, caso ocorram precipitações pluviométricas em seu dia.

São José em madeira policromada, lírio e resplendor em prata, olhos de vidro. Escultura proveniente de Pernambuco, 1° quartel do Século 18.

Não se pode dissociar São José a fé católica e consequentemente a estruturas físicas que o fiel construiu ao longo dos séculos para abrigar essa devoção.

No Ceará temos vários templos católicos tendo São José por orago. Por razões óbvias as mais notáveis são a Sé de Fortaleza e a Matriz de Aquiraz Igreja de São José de Ribamar, essa última exemplarmente preservada.

Junto ao santo ao qual se dedica no caso São José, o termo “Ribamar” complementa o nome do templo. Originalmente “riba-mar”, a palavra significa local próximo ou à beira do mar e revela detalhes da geografia local na época de construção do monumento.

Em outras capitais do Nordeste também encontramos aspectos a essa devoção.

Em Salvador também existiu uma igreja por invocação de São José de Ribamar, infelizmente foi demolida em meados do século XX. Nos dias atuais uma forte devoção a São José ocorre em dependências da Igreja do Corpo Santo, local que abriga a imagem do santo a cerca de 200 anos.

Em São Luis existe a Igreja de São José do Desterro. Sua história remonta ao ano de 1640 quando era apenas uma ermida. Arruinada e reconstruída por vezes. O edifício atual é de 1869. O templo sem um estilo definido apresenta simplicidade tanto no exterior quanto no interior (MEIRELES, 1964, p. 40).

No Recife duas importantes igrejas podem ser citadas: A Igreja Matriz de São José, sede paroquial do bairro homônimo e a Igreja de São José de Ribamar.

A Matriz de São José teve sua construção iniciada em setembro de 1845 a partir da criação da paróquia. Seu grande benfeitor foi o Bispo Dom João da Purificação Marques Perdigão e foi inaugurada em dezembro de 1864 com grandiosa solenidade para prestigiar o monumento de grandes dimensões, beleza arquitetônica e primorosos aspectos construtivos.

Matriz de São José, Recife-PE
Foto do acervo particular

A Matriz de São José de severo aspecto neoclássico foi tombada por sua importância cultural para o estado de Pernambuco. Atualmente passa por processo de restauração (SALAZAR, 1995, p. 12)

As origens da Igreja de São José de Ribamar remontam ao ano de 1653 quando existia no local uma capelinha mantida por carpinteiros. A atual irmandade constituiu-se no século XVlll. A pedra fundamental do atual templo foi lançada em 1752 tendo a obra se estendido por várias décadas. O surgimento desse templo, portanto, representou uma obra de devoção popular a São José.

Igreja de São José de Ribamar, Recife-PE
Foto do acervo particular

A Igreja de São José de Ribamar apresenta feições barrocas com destaque ao trabalho de cantaria lavrada em seu frontispício. Atualmente encontra-se em processo de restauração pelo IPHAN.

O conjunto encontra-se inscrito como Monumento Nacional nos livros das Belas Artes v. 1, sob o n* 535, em 8 de abril de 1980; Histórico, v. 1, n* 469, em 8 de abril de 1980 (Processo n* 923-T/75). (SILVA, 2002, p. 211)

Apesar de antigas e grandiloquentes as igrejas do Recife, é na simplicidade do Ceará que São José reina absoluto com direito a dia feriado, procissões e festejos.

Viva São José!

Armando Farias

MEIRELES, Mario M. São Luis, Cidade dos Azulejos. Rio de Janeiro: Gráfica Tupy, 1964.
SALAZAR, Alberto Neves. Memória: um passeio pelas igrejas de nossa arquidiocese, Jornal A Mensagem Católica, Recife, Arquidiocese de Olinda e Recife,1995.
SILVA, Leonardo Dantas. Pernambuco preservado: histórico dos bens tombados do Estado de Pernambuco. 2002. 

ሐሙስ 18 ማርች 2021

DIA DE SÃO JOSÉ NO CEARÁ

Escultura de São José de botas, por Elias Sultanum
Escultura – replica barroca em pó de madeira de São José de Botas. Imagem em estilo semelhante a antiga existente no altar-mor da Igreja Matriz de Aquiraz. 
Autor – Engenheiro e escultor pernambucano Elias Sultanum
Peça do acervo particular


A introdução do topônimo São José está ligada ao surgimento da primeira vila criada na capitania do Siará Grande por Carta Régia de 1699, sob a invocação de São José de Ribamar, porém o documento não esclarece em que localidade isso se daria. Outro fato correlato é a criação da freguesia instituída em Aquiráz em 1700 sob o orago de São José de Ribamar. Tentando resolver a pendência em 1700 o governador de Pernambuco determina a instalação da vila onde assistia o Capitão Mor do Siará, Francisco Gil Ribeiro, ou seja, junto ao forte. “Em que atualmente existe essa pequena povoação”, assim feito em 25 de maio de 1700 “Junto a fortaleza, debaixo das armas dela”, com o juramento e posse dos oficiais da Câmara (BARROSO, 1962, p. 94).

Ocorreu que forças locais contrárias a vila nessa localidade urdiram para que a mesma fosse transferida para outras localidades, culminando com a definição pela povoação do Aquiráz, o que de fato ocorreu em 27 de junho de 1713 com a instituição da vila de São José de Ribamar do Aquiraz, voltando a fortaleza a simples povoado. Fato que não diminuiu o desejo dos habitantes a reaver a dita vila, inclusive do próprio Capitão-mor Manuel Francês que reivindicava a Metrópole retornasse a vila para a fortaleza (1722).

A deliberação real veio no sentido de se criar outra vila junto a fortaleza de Nossa Senhora da Assunção, ao que se deu em 13 de abril de 1726. A população local clama pela proteção de São José ao edificar e dedicar a pequena ermida defronte ao forte sob sua invocação como se depreende do texto do Professor Liberal de Castro (2012, p. 13):

Quando dos primeiros dias da Vila, como os habitantes somente dispunham da capela da Fortaleza para assistir aos ofícios religiosos, as mulheres muitas vezes se sentiam constrangidas pela importunação dos soldados. A fim de contornar a situação desagradável e para geral alívio dos aborrecimentos, foi erguida uma Igrejinha no exterior do quartel, em suas proximidades, dedicada a São José. A população logo demonstrou simpatia pela nova capela e por seu orago, cuja devoção fortaleceu-se com o estabelecimento de correlações entre o dia da festa do santo e a confirmação do inverno ou da deflagração de uma seca. Transcorrido o tempo, a pequena igreja de São José, demolida, reconstruída e aumentada mais de uma vez, tornou-se matriz da Vila, transformando-se, por fim, na atual Catedral Metropolitana fortalezense.

A data exata da construção da primitiva igrejinha é imprecisa, porém na planta rascunhada pelo Capitão-mor Manuel Francês de 1726 já registrava “No ângulo superior esquerdo da Praça, em frente a Câmara, um pouco ao lado, a capela ou igreja de São José de Ribamar”, “com a nota: reedificou o Capm. Mor” (GIRÃO, 1962, p. 86). Passou a igrejinha de São José décadas até ser oficializada a instituição da freguesia de Fortaleza que ocorreu em 1761 sob a invocação de Nossa Senhora da Assunção e São José de Ribamar.

Assim ficou as duas primeiras vilas da capitania do Siará Grande sob a proteção e benção do atual padroeiro do estado, São José de acordo com a fé católica, devoção que já perdura por quase 300 anos.

Ocorre que em Aquiraz a população soube preservar os signos ligados a temática de São José. Preservou-se o bem maior que é a igreja matriz de São José de Ribamar, segunda mais antiga do estado e sua imagem do padroeiro, escultura do século XVIII envolta em muitas lendas. Encontra-se em bom estado de conservação os demais bens integrados do templo como pinturas religiosas, altar mor, púlpito e imaginária.

Barroso (1962, p. 85)

Em Fortaleza ocorreu o “apagamento” dos bens materiais ligados ao santo padroeiro. Foi demolida a igreja matriz de São José, construção de meados do século XIX e seu cruzeiro que segundo Gustavo Barroso é obra de 1847 do frei Serafim de Catânia. A maioria das peças e bens integrados que pertenciam a igreja de São José, antiga catedral foram perdidas.

Em Fortaleza sobreviveu às comemorações relativas ao dia de São José, que na ausência de bens tangíveis poderia ser alçado a condição de patrimônio imaterial considerado sua relevância para a população local. Fica a sugestão.

Nota: Para atender às determinações legais e criar instrumentos adequados ao reconhecimento e à preservação desses bens imateriais, o Iphan coordenou os estudos que resultaram na edição do Decreto nº. 3.551, de 4 de agosto de 2000 - que instituiu o Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial e criou o Programa Nacional do Patrimônio Imaterial (PNPI) - e consolidou o Inventário Nacional de Referências Culturais (INCR). (IPHAN, online).

Armando Farias

BARROSO, Gustavo. À margem da história do Ceará. Fortaleza: Imprensa Universitária do Ceará, 1962.
CASTRO, José Liberal de. Bicentenário da Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção: o caso singular de uma obra de arquitetura militar com função simbólica. Revista do Instituto do Ceará, Fortaleza, 2012.
GIRÃO, Raimundo. Geografia estética de Fortaleza. Fortaleza: Imprensa Universitária, 1959.
IPHAN. Patrimônio imaterial. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/234. Acesso em: 18 mar. 2021.