እሑድ 10 ኤፕሪል 2022

ARACATI COMEMORA DIA DE FUNDAÇAO.

Hoje se comemora a data do decreto real de criação da Vila da Santa Cruz do Aracati, ocorrido em 11 de abril de 1747. Sua instalação deu-se em 24 de fevereiro de 1748. Porém sua história remonta a princípios do século XVIII. Corrobora com essa informação o professor Geraldo da Silva Nobre (p. 119) “o abate e salga, dando origem as oficinas de carne do Ceará” datam provavelmente, do “ano de 1707, em uma atividade que foi crescendo na medida da conquista do mercado mais próximo, o de Pernambuco”. O lugar era conhecido por São José do Porto dos Barcos.

Uma História de muitos fatos importantes ligados à economia da Capitania do Ceará Grande. A Indústria e o Comércio do charque foi o que propiciou a instalação da vila. O progresso veio rápido, os mercados consumidores de Pernambuco e Bahia eram crescentes. Registros históricos apontam negociantes de Aracati sócios de firmas inglesas.

O crescimento econômico acarretou o crescimento populacional e adiantamento cultural de sua elite, esse movimento repercutiu na arquitetura de seus casarões, igrejas e demais edifícios públicos que  facilmente ainda hoje identificamos em seu centro histórico, antigas referências de importante valor arquitetônico do final do século XVIII e princípios do século XIX.

Foi uma prolongada estiagem (1790 – 1794) que minou a indústria da carne seca. Após esse período a cultura do algodão deu uma sobrevida e impulsionou o crescimento da vila.

O viajante inglês Henry Koster visitou a Aracati em 1811 e de seus detalhados diários depreende-se que o que mais lhe chamou atenção foi à boa acolhida e a predominância de edificações com dois pavimentos. Com relação à mobília nada mencionou, apenas que dormira em uma rede.

Esteve Koster visitando o sobrado do comerciante José Fidelis Barroso associado à Firma Dourado de Londres. Entre seus negócios explorava salinas, era exportador e importador. Na descrição de Gustavo Barroso bisneto do Coronel Fidelis, cita,

“o vasto sobrado de azulejos ainda hoje existe na rua principal, atualmente propriedade da família Costa Lima”.

Segundo João Brígido conservou-se Aracati até 1850 como a primeira praça de comércio e mais opulento povoado da província. Após sobreveio um período longo de decadência e esquecimento. A reboque veio a mutilação e destruição de parte do seu patrimônio material.

Aqui cito o desaparecimento da importante edificação da Casa da Alfândega de Aracati obra de 1800, edificação construída para atender a estrutura de arrecadação do imposto do algodão que saia do porto local. Abandonado pelo poder publico, arruinado, desapareceu por completo em 1911 para dar lugar a uma pequena praça.

Outra perca foi o sobrado das Corujas, cujos detalhes foram sublinhados pelo Professor José Liberal de Castro,

“basta citar o antigo sobrado dito das Corujas, abandonado e impiedosamente demolido na década de 40. Desse conjunto, o mais impressionante do Estado, nem mesmo o portão nobre, de padieira barroca, no muro lateral, foi poupado da destruição” (op. Cit.).

Importante perca foi a demolição do Solar das Correias situado na Rua Santos Dumont, 1208, muito repercutiu. O Jornal O POVO na edição de 7 de novembro de 1980 denunciou a demolição.

Também ressaltou sua importância o Professor José Liberal de Castro,

“Era um inconfundível exemplar de arquitetura oitocentista, de aspecto neoclássico. Mantinha fachada de azulejos importados de Portugal e portões laterais para a entrada de carruagens, aquela, criminosamente destruída na madrugada do dia 1* de novembro de 1980”.

No momento a sociedade aracatiense aguarda a restauração do solar dos Zaranza localizado na Avenida Coronel Alexanzito, 353 que fora desapropriado em 2018 através de Decreto-Lei n* 3.365 onde declara ser o imóvel de utilidade pública.

Relatos da aracatiense Dra. Tarsila Zaranza, Advogada, dão conta que o sobrado ficava ao lado do sobrado das corujas e que fora construído por volta de 1800 pelo político conhecido por Barros, que posteriormente foi assassinado na vizinha cidade de Russas. Os herdeiros então o venderam ao tio de Tarsila, Senhor José Adrião Zaranza Filho que acomodou no imóvel os pais e as cinco irmãs solteironas. Ficou na família Zaranza até o ano de 2002 quando faleceu sua ultima irmã solteira que residia no imóvel.

Segundo Tarsila o edifício tinha muitos cômodos e seus pavimentos distribuídos da seguinte maneira; no térreo funcionava a oficina de marcenaria do avô, José Adrião Zaranza e garagem para carruagens, no primeiro andar acomodavam-se as mulheres e no terceiro e ultimo piso os homens. Ainda havia um sótão. Depois de anos de abandono foi alçado pelo município conforme citado acima.

Recentemente a que se comemorar a entrega do Teatro Francisca Clotilde.

Lamenta-se a falta de referencia as oficinas de carne no município de Aracati, atividade extinta, mas que a ela poderia ser atribuído um valor de patrimônio imaterial para a região e de forma lúdica receber e ilustrar nativos e visitantes dando a conhecer o processo inteligente de preservar as carnes em distantes épocas que deu origem a cidade. Certamente todos nós teríamos mais um motivo para orgulhar-se de Aracati.

Viva Aracati!

Armando Farias

BARROSO, Gustavo. À margem da história do Ceará. Fortaleza: Imprensa Universitária do Ceará, 1962.

CASTRO, José Liberal de. Pequena informação relativa à arquitetura antiga no Ceará. Fortaleza, 1977.

LEAL, Hélio Ideburque Carneiro. Singelo Documentário de Alguns Atentados ao Patrimônio Cultural da Cidade de Aracati. Fortaleza: Fundação Edson Queiroz / Universidade de Fortaleza 1995.

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