Uma História de muitos fatos importantes ligados à economia
da Capitania do Ceará Grande. A Indústria e o Comércio do charque foi o que
propiciou a instalação da vila. O progresso veio rápido, os mercados
consumidores de Pernambuco e Bahia eram crescentes. Registros históricos
apontam negociantes de Aracati sócios de firmas inglesas.
O crescimento econômico acarretou o crescimento populacional
e adiantamento cultural de sua elite, esse movimento repercutiu na arquitetura
de seus casarões, igrejas e demais edifícios públicos que facilmente
ainda hoje identificamos em seu centro histórico, antigas referências de importante
valor arquitetônico do final do século XVIII e princípios do século XIX.
Foi uma prolongada estiagem (1790 – 1794) que minou a
indústria da carne seca. Após esse período a cultura do algodão deu uma
sobrevida e impulsionou o crescimento da vila.
O viajante inglês Henry Koster visitou a Aracati em 1811 e de
seus detalhados diários depreende-se que o que mais lhe chamou atenção foi à
boa acolhida e a predominância de edificações com dois pavimentos. Com relação à
mobília nada mencionou, apenas que dormira em uma rede.
Esteve Koster visitando o sobrado do comerciante José Fidelis
Barroso associado à Firma Dourado de Londres. Entre seus negócios explorava salinas,
era exportador e importador. Na descrição de Gustavo Barroso bisneto do Coronel
Fidelis, cita,
“o vasto sobrado de azulejos ainda hoje existe na rua principal, atualmente propriedade da família Costa Lima”.
Segundo João Brígido conservou-se Aracati até 1850 como a
primeira praça de comércio e mais opulento povoado da província. Após sobreveio
um período longo de decadência e esquecimento. A reboque veio a mutilação e
destruição de parte do seu patrimônio material.
Aqui cito o desaparecimento da importante edificação da Casa
da Alfândega de Aracati obra de 1800, edificação construída para atender a
estrutura de arrecadação do imposto do algodão que saia do porto local. Abandonado
pelo poder publico, arruinado, desapareceu por completo em 1911 para dar lugar
a uma pequena praça.
Outra perca foi o sobrado das Corujas, cujos detalhes foram
sublinhados pelo Professor José Liberal de Castro,
“basta citar o antigo sobrado dito das Corujas, abandonado e impiedosamente demolido na década de 40. Desse conjunto, o mais impressionante do Estado, nem mesmo o portão nobre, de padieira barroca, no muro lateral, foi poupado da destruição” (op. Cit.).
Importante perca foi a demolição do Solar das Correias
situado na Rua Santos Dumont, 1208, muito repercutiu. O Jornal O POVO na edição
de 7 de novembro de 1980 denunciou a demolição.
Também ressaltou sua importância o Professor José Liberal de
Castro,
“Era um inconfundível exemplar de arquitetura oitocentista, de aspecto neoclássico. Mantinha fachada de azulejos importados de Portugal e portões laterais para a entrada de carruagens, aquela, criminosamente destruída na madrugada do dia 1* de novembro de 1980”.
No momento a sociedade aracatiense aguarda a restauração do solar dos Zaranza localizado na Avenida Coronel Alexanzito, 353 que fora desapropriado em 2018 através de Decreto-Lei n* 3.365 onde declara ser o imóvel de utilidade pública.
Relatos da aracatiense Dra. Tarsila Zaranza, Advogada, dão conta
que o sobrado ficava ao lado do sobrado das corujas e que fora construído por
volta de 1800 pelo político conhecido por Barros, que posteriormente foi
assassinado na vizinha cidade de Russas. Os herdeiros então o venderam ao tio
de Tarsila, Senhor José Adrião Zaranza Filho que acomodou no imóvel os pais e
as cinco irmãs solteironas. Ficou na família Zaranza até o ano de 2002 quando
faleceu sua ultima irmã solteira que residia no imóvel.
Segundo Tarsila o edifício tinha muitos cômodos e seus pavimentos distribuídos da seguinte maneira; no térreo funcionava a oficina de marcenaria do avô, José Adrião Zaranza e garagem para carruagens, no primeiro andar acomodavam-se as mulheres e no terceiro e ultimo piso os homens. Ainda havia um sótão. Depois de anos de abandono foi alçado pelo município conforme citado acima.
Recentemente a que se comemorar a entrega do Teatro Francisca
Clotilde.
Lamenta-se a falta de referencia as oficinas de carne no
município de Aracati, atividade extinta, mas que a ela poderia ser atribuído um
valor de patrimônio imaterial para a região e de forma lúdica receber e
ilustrar nativos e visitantes dando a conhecer o processo inteligente de
preservar as carnes em distantes épocas que deu origem a cidade. Certamente
todos nós teríamos mais um motivo para orgulhar-se de Aracati.
Viva Aracati!
Armando Farias
BARROSO, Gustavo. À margem da história do Ceará. Fortaleza: Imprensa Universitária do Ceará, 1962.
CASTRO, José Liberal de. Pequena informação relativa à arquitetura antiga no Ceará. Fortaleza, 1977.
LEAL, Hélio Ideburque Carneiro. Singelo Documentário de Alguns Atentados ao Patrimônio Cultural da Cidade de Aracati. Fortaleza: Fundação Edson Queiroz / Universidade de Fortaleza 1995.
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