ማክሰኞ 12 ኤፕሪል 2022

ANIVERSÁRIO DE FORTALEZA 296 anos

No dia do aniversário de Fortaleza o blog Capitania Siará Grande dedica mais um espaço para mostrar a cidade com suas modificações ao longo das décadas. Referência histórica, arquitetônica e sociológica.

Três fotografias de épocas diferentes nos mostram mudança significativa.

A mais antiga está sem data, em uma análise do documento em si podemos atribuir início dos anos de 1910. A imagem dos trechos iniciais da então Rua Formosa (Barão do Rio Branco) foi capturada dos altos do Palacete Guarani que fora inaugurado em 1908. O transporte predominantemente era de tração animal, e vê-se os trilhos dos bondes que se utilizavam desse modal desativado em 1913, quando foram substituídos pelos bondes elétricos.

Antiga Rua Formosa (aprox. 1910), atual Rua Barão do Rio Branco
Rua Formosa (atual Rua Barão do Rio Branco)
Acervo particular

Rua Barão do Rio Branco, Centro de Fortaleza/CE
Rua Barão do Rio Branco - atualidade 
Acervo particular

A segunda traz a data de 1931. Temos a Praça do Ferreira ainda com os vestígios da Belle Époque em seu coreto ornamentado e o quarteirão do prédio da antiga Intendência incorrupto, hoje desaparecido. Esse edifício fora o primeiro de dois pavimentos construído em Fortaleza em 1825, lembrando a antiga crendice popular da época que repetia a censo comum que o solo arenoso de Fortaleza não suportava construções além do pavimento térreo.

Praça do Ferreira
Praça do Ferreira
Acervo particular

Praça do Ferreira, Centro de Fortaze/CE
Praça do Ferreira - atualidade 
Acervo particular

A ultima foto é de 1970 nos revela o segundo endereço da fonte dos “cavalinhos”. Como manda a tradição tudo em Fortaleza tem que ser mudado. A fonte que fora comprada na Europa para ornamentar a Praça da Lagoinha (Jardim Comendador Teodorico) foi relocada para o Benfica (foto). Anos depois foi retirada, passou mais de uma década recolhida até ressurgir na Praça Murilo Borges, seu atual endereço. 

Fonte dos cavalinhos e Escola de Engenharia UFC
Fonte dos cavalinhos e Escola de Engenharia UFC
Acervo particular

Fonte dos Cavalinhos, Praça Murilo Borges - Fortaleza/CE
Fonte dos cavalinhos Praça Murilo Bordas- atualidade
Acervo particular

As intervensões na malha urbana nem sempre são positivas. A dinâmica é uma característica das cidades, porém certas modificações, ou modificações constantes e radicais podem levar uma cidade e seus habitantes a uma perca de memória. A maneira contemporânea de rever espaços vazios ou decadentes nada mais é que a revitalização, ação que vem ocorrendo em vários países e cidades do Brasil evita o apagamento total de um passado que muito interessa a todos os cidadãos.

Viva Fortaleza!

Armando Farias

እሑድ 10 ኤፕሪል 2022

ARACATI COMEMORA DIA DE FUNDAÇAO.

Hoje se comemora a data do decreto real de criação da Vila da Santa Cruz do Aracati, ocorrido em 11 de abril de 1747. Sua instalação deu-se em 24 de fevereiro de 1748. Porém sua história remonta a princípios do século XVIII. Corrobora com essa informação o professor Geraldo da Silva Nobre (p. 119) “o abate e salga, dando origem as oficinas de carne do Ceará” datam provavelmente, do “ano de 1707, em uma atividade que foi crescendo na medida da conquista do mercado mais próximo, o de Pernambuco”. O lugar era conhecido por São José do Porto dos Barcos.

Uma História de muitos fatos importantes ligados à economia da Capitania do Ceará Grande. A Indústria e o Comércio do charque foi o que propiciou a instalação da vila. O progresso veio rápido, os mercados consumidores de Pernambuco e Bahia eram crescentes. Registros históricos apontam negociantes de Aracati sócios de firmas inglesas.

O crescimento econômico acarretou o crescimento populacional e adiantamento cultural de sua elite, esse movimento repercutiu na arquitetura de seus casarões, igrejas e demais edifícios públicos que  facilmente ainda hoje identificamos em seu centro histórico, antigas referências de importante valor arquitetônico do final do século XVIII e princípios do século XIX.

Foi uma prolongada estiagem (1790 – 1794) que minou a indústria da carne seca. Após esse período a cultura do algodão deu uma sobrevida e impulsionou o crescimento da vila.

O viajante inglês Henry Koster visitou a Aracati em 1811 e de seus detalhados diários depreende-se que o que mais lhe chamou atenção foi à boa acolhida e a predominância de edificações com dois pavimentos. Com relação à mobília nada mencionou, apenas que dormira em uma rede.

Esteve Koster visitando o sobrado do comerciante José Fidelis Barroso associado à Firma Dourado de Londres. Entre seus negócios explorava salinas, era exportador e importador. Na descrição de Gustavo Barroso bisneto do Coronel Fidelis, cita,

“o vasto sobrado de azulejos ainda hoje existe na rua principal, atualmente propriedade da família Costa Lima”.

Segundo João Brígido conservou-se Aracati até 1850 como a primeira praça de comércio e mais opulento povoado da província. Após sobreveio um período longo de decadência e esquecimento. A reboque veio a mutilação e destruição de parte do seu patrimônio material.

Aqui cito o desaparecimento da importante edificação da Casa da Alfândega de Aracati obra de 1800, edificação construída para atender a estrutura de arrecadação do imposto do algodão que saia do porto local. Abandonado pelo poder publico, arruinado, desapareceu por completo em 1911 para dar lugar a uma pequena praça.

Outra perca foi o sobrado das Corujas, cujos detalhes foram sublinhados pelo Professor José Liberal de Castro,

“basta citar o antigo sobrado dito das Corujas, abandonado e impiedosamente demolido na década de 40. Desse conjunto, o mais impressionante do Estado, nem mesmo o portão nobre, de padieira barroca, no muro lateral, foi poupado da destruição” (op. Cit.).

Importante perca foi a demolição do Solar das Correias situado na Rua Santos Dumont, 1208, muito repercutiu. O Jornal O POVO na edição de 7 de novembro de 1980 denunciou a demolição.

Também ressaltou sua importância o Professor José Liberal de Castro,

“Era um inconfundível exemplar de arquitetura oitocentista, de aspecto neoclássico. Mantinha fachada de azulejos importados de Portugal e portões laterais para a entrada de carruagens, aquela, criminosamente destruída na madrugada do dia 1* de novembro de 1980”.

No momento a sociedade aracatiense aguarda a restauração do solar dos Zaranza localizado na Avenida Coronel Alexanzito, 353 que fora desapropriado em 2018 através de Decreto-Lei n* 3.365 onde declara ser o imóvel de utilidade pública.

Relatos da aracatiense Dra. Tarsila Zaranza, Advogada, dão conta que o sobrado ficava ao lado do sobrado das corujas e que fora construído por volta de 1800 pelo político conhecido por Barros, que posteriormente foi assassinado na vizinha cidade de Russas. Os herdeiros então o venderam ao tio de Tarsila, Senhor José Adrião Zaranza Filho que acomodou no imóvel os pais e as cinco irmãs solteironas. Ficou na família Zaranza até o ano de 2002 quando faleceu sua ultima irmã solteira que residia no imóvel.

Segundo Tarsila o edifício tinha muitos cômodos e seus pavimentos distribuídos da seguinte maneira; no térreo funcionava a oficina de marcenaria do avô, José Adrião Zaranza e garagem para carruagens, no primeiro andar acomodavam-se as mulheres e no terceiro e ultimo piso os homens. Ainda havia um sótão. Depois de anos de abandono foi alçado pelo município conforme citado acima.

Recentemente a que se comemorar a entrega do Teatro Francisca Clotilde.

Lamenta-se a falta de referencia as oficinas de carne no município de Aracati, atividade extinta, mas que a ela poderia ser atribuído um valor de patrimônio imaterial para a região e de forma lúdica receber e ilustrar nativos e visitantes dando a conhecer o processo inteligente de preservar as carnes em distantes épocas que deu origem a cidade. Certamente todos nós teríamos mais um motivo para orgulhar-se de Aracati.

Viva Aracati!

Armando Farias

BARROSO, Gustavo. À margem da história do Ceará. Fortaleza: Imprensa Universitária do Ceará, 1962.

CASTRO, José Liberal de. Pequena informação relativa à arquitetura antiga no Ceará. Fortaleza, 1977.

LEAL, Hélio Ideburque Carneiro. Singelo Documentário de Alguns Atentados ao Patrimônio Cultural da Cidade de Aracati. Fortaleza: Fundação Edson Queiroz / Universidade de Fortaleza 1995.