Capitania Siará Grande é um blog destinado à divulgação de fatos pitorescos da história do Ceará.
ማክሰኞ 12 ኤፕሪል 2022
ANIVERSÁRIO DE FORTALEZA 296 anos
እሑድ 10 ኤፕሪል 2022
ARACATI COMEMORA DIA DE FUNDAÇAO.
Uma História de muitos fatos importantes ligados à economia
da Capitania do Ceará Grande. A Indústria e o Comércio do charque foi o que
propiciou a instalação da vila. O progresso veio rápido, os mercados
consumidores de Pernambuco e Bahia eram crescentes. Registros históricos
apontam negociantes de Aracati sócios de firmas inglesas.
O crescimento econômico acarretou o crescimento populacional
e adiantamento cultural de sua elite, esse movimento repercutiu na arquitetura
de seus casarões, igrejas e demais edifícios públicos que facilmente
ainda hoje identificamos em seu centro histórico, antigas referências de importante
valor arquitetônico do final do século XVIII e princípios do século XIX.
Foi uma prolongada estiagem (1790 – 1794) que minou a
indústria da carne seca. Após esse período a cultura do algodão deu uma
sobrevida e impulsionou o crescimento da vila.
O viajante inglês Henry Koster visitou a Aracati em 1811 e de
seus detalhados diários depreende-se que o que mais lhe chamou atenção foi à
boa acolhida e a predominância de edificações com dois pavimentos. Com relação à
mobília nada mencionou, apenas que dormira em uma rede.
Esteve Koster visitando o sobrado do comerciante José Fidelis
Barroso associado à Firma Dourado de Londres. Entre seus negócios explorava salinas,
era exportador e importador. Na descrição de Gustavo Barroso bisneto do Coronel
Fidelis, cita,
“o vasto sobrado de azulejos ainda hoje existe na rua principal, atualmente propriedade da família Costa Lima”.
Segundo João Brígido conservou-se Aracati até 1850 como a
primeira praça de comércio e mais opulento povoado da província. Após sobreveio
um período longo de decadência e esquecimento. A reboque veio a mutilação e
destruição de parte do seu patrimônio material.
Aqui cito o desaparecimento da importante edificação da Casa
da Alfândega de Aracati obra de 1800, edificação construída para atender a
estrutura de arrecadação do imposto do algodão que saia do porto local. Abandonado
pelo poder publico, arruinado, desapareceu por completo em 1911 para dar lugar
a uma pequena praça.
Outra perca foi o sobrado das Corujas, cujos detalhes foram
sublinhados pelo Professor José Liberal de Castro,
“basta citar o antigo sobrado dito das Corujas, abandonado e impiedosamente demolido na década de 40. Desse conjunto, o mais impressionante do Estado, nem mesmo o portão nobre, de padieira barroca, no muro lateral, foi poupado da destruição” (op. Cit.).
Importante perca foi a demolição do Solar das Correias
situado na Rua Santos Dumont, 1208, muito repercutiu. O Jornal O POVO na edição
de 7 de novembro de 1980 denunciou a demolição.
Também ressaltou sua importância o Professor José Liberal de
Castro,
“Era um inconfundível exemplar de arquitetura oitocentista, de aspecto neoclássico. Mantinha fachada de azulejos importados de Portugal e portões laterais para a entrada de carruagens, aquela, criminosamente destruída na madrugada do dia 1* de novembro de 1980”.
No momento a sociedade aracatiense aguarda a restauração do solar dos Zaranza localizado na Avenida Coronel Alexanzito, 353 que fora desapropriado em 2018 através de Decreto-Lei n* 3.365 onde declara ser o imóvel de utilidade pública.
Relatos da aracatiense Dra. Tarsila Zaranza, Advogada, dão conta
que o sobrado ficava ao lado do sobrado das corujas e que fora construído por
volta de 1800 pelo político conhecido por Barros, que posteriormente foi
assassinado na vizinha cidade de Russas. Os herdeiros então o venderam ao tio
de Tarsila, Senhor José Adrião Zaranza Filho que acomodou no imóvel os pais e
as cinco irmãs solteironas. Ficou na família Zaranza até o ano de 2002 quando
faleceu sua ultima irmã solteira que residia no imóvel.
Segundo Tarsila o edifício tinha muitos cômodos e seus pavimentos distribuídos da seguinte maneira; no térreo funcionava a oficina de marcenaria do avô, José Adrião Zaranza e garagem para carruagens, no primeiro andar acomodavam-se as mulheres e no terceiro e ultimo piso os homens. Ainda havia um sótão. Depois de anos de abandono foi alçado pelo município conforme citado acima.
Recentemente a que se comemorar a entrega do Teatro Francisca
Clotilde.
Lamenta-se a falta de referencia as oficinas de carne no
município de Aracati, atividade extinta, mas que a ela poderia ser atribuído um
valor de patrimônio imaterial para a região e de forma lúdica receber e
ilustrar nativos e visitantes dando a conhecer o processo inteligente de
preservar as carnes em distantes épocas que deu origem a cidade. Certamente
todos nós teríamos mais um motivo para orgulhar-se de Aracati.
Viva Aracati!
Armando Farias
BARROSO, Gustavo. À margem da história do Ceará. Fortaleza: Imprensa Universitária do Ceará, 1962.
CASTRO, José Liberal de. Pequena informação relativa à arquitetura antiga no Ceará. Fortaleza, 1977.
LEAL, Hélio Ideburque Carneiro. Singelo Documentário de Alguns Atentados ao Patrimônio Cultural da Cidade de Aracati. Fortaleza: Fundação Edson Queiroz / Universidade de Fortaleza 1995.