ሐሙስ 18 ፌብሩዋሪ 2021

PENSATA: A História não pode ser apagada

Monumento em homenagem a Matias Beck

Monumento a Matias Beck, na praça do Clube Náutico, em Fortaleza. 
Hoje já não se encontra no local, e não se tem conhecimento onde possa estar.
Foto do acervo particular

Diante da fotografia do monumento escultórico desaparecido há décadas em Fortaleza que homenageava a Matias Beck, fica a indagação, autoridades podem apagar a História?

Infelizmente faltam informações sobre esse monumento tais como; quem idealizou? Quem patrocinou sua confecção? Qual gestão viabilizou sua instalação? Qual artista de fato o produziu? E finalmente o que foi feito de tão simbólica memória de nossa cidade?

As gerações mais recentes não coexistiram com o monumento que fora implantado na pracinha defronte ao Náutico Atlética Cearense. As mais velhas pouco se lembram de tão simplória homenagem. Nada impedia que nossa população convivesse pacificamente com esse marco histórico, hoje desaparecido.

O que temos hoje, se deparando com a documentação que chegou a nossos dias depreende-se do fragmentado diário de Beck, é que a quarta expedição às terras cearenses no século XVII tratou-se da maior e mais organizada empreendida até então. Liderados por Matias Beck aportaram nas encostas do Mucuripe em abril de 1649.  Foi criterioso o projeto, implantação e construção do antigo Forte de Schoonenborch pelos flamengos no monte ou duna chamado “Marajaitiba”. Segundo documentos chegou a ser ampliado.

Não se pode afirmar que tal expedição não tivesse entre seu objetivo o de fundar um núcleo urbano, isso poderia ocorrer como uma consequência natural dessa empresa. Vencidos os flamengos em Pernambuco em 1654, após cinco anos deixam pacificamente a capitania. A mesma fortificação é imediatamente tomada pelas tropas lusas que o ocuparam e rebatizam. “O Schoonenborch foi levantado por Matias Beck a margem esquerda do riacho Pajeú em 1649, e não sofreu qualquer solução de continuidade em sua existência, sendo ocupado pacificamente pelos portugueses em 1654, após a rendição holandesa na Campina do Taborda, ocasião em que ganhou a denominação de Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção”. p.73

Há aqui uma plena continuidade de uma praça fortificada com habitações indígenas em seu entorno que muito lentamente evolui a ponto de décadas depois fazer-se vila. É importante ressaltar que essa fortificação tornou-se o motivo pelo qual esse incipiente núcleo cresceu, inclusive abrigando um contingente populacional da vizinha Aquiraz acossadas por ataques dos aborígenes em 1713.   

Desprezando a enfadonha definição de criação de cidade e vila e as probabilidades de suas respectivas fundações, pode-se sim atribuir a Matias Beck os primórdios do futuro aglomerado urbano que hoje é Fortaleza. Seu diário não deixa dúvidas das possibilidades favoráveis existentes nas proximidades do forte.

Não há necessidade de oficialmente considera-lo o fundador de Fortaleza, há necessidade de reconhecer sua primazia, seu pioneirismo e empreendedorismo. A população, estudantes e turistas merecem deter essa informação para livremente poder formar conjecturas e o cruzamento com outros fatos históricos que estão diretamente ligados a esse evento.

Hoje não há nada em Fortaleza que rememore Matias Beck. Raimundo Girão ousou propor por em uma avenida o nome do “Experimentado Aventureiro, preposto da Companhia”, o que lhe custou o cargo de Secretário de Urbanismo na gestão do então prefeito Manuel Cordeiro Neto. Fica a ideia, homenageemos nossos precursores, isso é História.

Armando Farias

AMORIM, J. Terto de (Org.). O Siara na rota dos neerlandeses. Utrecht/Fortaleza: Augusto César Barbosa, 2014.

 

ረቡዕ 10 ፌብሩዋሪ 2021

OS HOLANDESES NO NORDESTE E AS CONSEQUÊNCIAS PARA O BRASIL

O açúcar, e não a esperança de encontrar minas foi a motivação ao ataque a Pernambuco, que como as demais colônias portuguesas se encontrava à época sob o domínio da Espanha, em guerra com a Holanda, que refinava todo o açúcar produzido no Brasil

Desde a formação da Companhia das Índias Ocidentais (1621), passando pela invasão em Salvador (1624/1625), Pernambuco (1630) e a Guerra da Restauração (1645/1654), vê-se um dos capítulos mais importantes e ricos em acervo documental da historiografia brasileira na primeira metade do século XVII.

Há relatos documentais a partir de 1623 que vinham sendo reunidos na Holanda sobre dados e informações sobre a Capitania de Pernambuco. São depoimentos de vários navegantes holandeses, índios levados por Boudewyn Hendriksz para a Holanda e na colaboração de judeus comerciantes que moravam em Pernambuco na remessa de informações para a Holanda. Grande também é a documentação produzida pelos holandeses durante os 24 anos de dominação do Brasil Holandês. Essa produção continuou ocorrendo no editorial europeu mesmo após o fim da ocupação dos Países Baixos no Brasil.

A produção historiográfica brasileira no tema é razoável. Esse conteúdo é regularmente exposto e prestigiado apenas em Pernambuco, ficando os demais estados do Nordeste que pertenceram aos domínios dos Países Baixos distantes desses fatos. Em nível nacional é insignificante a importância dada pela historiografia (IHGB). Facilmente constata-se nos livros didáticos que apenas superficialmente expõe o conteúdo sobre o domínio holandês. Da mesma forma a imprensa de forma geral procede.

Para além do acervo documental, o que de mais importante se pode ressaltar como consequência positiva para o Brasil do período Holandês no Nordeste:

  • a fundação da cidade do Recife;
  • o embrião de Fortaleza;
  • o sentimento do nativismo. (Os primórdios da formação do conceito de identidade de povo brasileiro);
  • destaca-se a formação de exercito brasileiro.

A FUNDAÇÃO DA CIDADE DO RECIFE

Até a chegada de Nassau a Pernambuco (1637), na povoação do arrecife era apenas o porto e suas instalações, assentadas no estreito istmo, que com a chegada da Companhia das Índias (1630) passou a abrigar um continente habitacional maior que a capacidade dos imóveis oferecia. A capital da capitania era Olinda.

Nassau assume o comando do Brasil Holandês com o cargo de governador geral. Aporta no Recife em 23 de janeiro de 1637 e trás em sua comitiva soldados e a primeira missão científica a cruzar a linha do equador, fato que propiciou “o mais completo levantamento artístico, paisagístico, cartográfico e científico desta parte do Novo Mundo no século XVII”. (DP, 2003, D2)

Para sanar o problema habitacional Nassau viabiliza projetos arquitetônicos para a construção, urbanização e ocupação da Ilha de Antônio Vaz que seria a Cidade Maurícia, oficializada em 17 de dezembro de 1639. As construções mais vultosas foram o Palácio de Friburgo ou Palácio das Torres, a Casa da Boa Vista e a construção de três pontes, as primeiras de grandes dimensões do Brasil. Tantas outras obras ainda nos dias atuais podem ser identificados seus vestígios. Acabava de nascer O RECIFE.

Estátua em meio corpo do conde alemão João Maurício de Nassau-Siegen
Estátua em meio corpo do conde alemão João Maurício de Nassau-Siegen (1604-1679), governador do Brasil Holandês (1637–1644), situada na praça da República, em Recife (PE), em frente ao Palácio do Governo, inaugurada em 17 de junho de 2004, por ocasião do quarto centenário de seu nascimento 1604-1679. O monumento em bronze foi doação da República Federal da Alemanha ao povo de Pernambuco. Trata-se de réplica da escultura original, produzida por Bartholomeu Eggers (c.1630-1692) no ano de 1664, e que atualmente se encontra sob o túmulo de João Maurício de Nassau na cidade alemã de Siegen. 
Foto do acervo particular

O EMBRIÃO DE FORTALEZA

Com a implantação do primeiro Fortim de São Tiago na Barra do Rio Ceará por Pero Coelho de Sousa e sua continuidade em 1612 sob o comando de Martin Soares Moreno, redenominado Forte de São Sebastião existiu a vontade do colonizador português em criar um núcleo civilizatório na Capitania do Siará Grande até então despovoada do elemento europeu. Com a saída de Moreno em 1631 outras autoridades portuguesas assumiram a titularidade do São Sebastião.

Em outubro de 1637 cai a frágil fortificação na mão dos batavos sob o comando do major Joris Garstman e do Capitão Hendrick Huss que receberam ajuda estratégia dos indígenas Potiguaras chefiados pelo Cacique Algodão e Koigava. Esse continente militar holandês permaneceu no Forte de São Sebastião, consta em documentação pertinente que reformaram, ampliaram e municiaram o reduto passando a chama-lo de Forte do Siará (Arx in Siará).

Os objetivos da ocupação era manter um entreposto entre o Rio Grande do Norte e o Maranhão, capitania ambicionada pelos batavos. Havia também a extração do sal, que tinha elevado valor no mercado europeu, e o extrativismo e exportação do algodão, pau violeta e âmbar-grils. Durante o comando de Gedeon Morris de Jonge revelou-se ele um apaixonado pelas terras cearenses e como tal tentou promover seu desenvolvimento. Explorou áreas de salinas desde o Camocim até Mossoró, região que por muito tempo pertenceu a Capitania do Siará. Gedeon também introduziu o cultivo de vários vegetais nos arredores da fortificação. Fontes da época e historiadores modernos referem-se a Gedeon como ‘aventureiro” ou homem dotado de “muitas qualidades”. Era natural da Zelândia – Holanda. Na sua documentação pessoal percebe-se que passou cerca de oito anos prisioneiro nas terras do Maranhão (1628/1636), período que aprendeu a falar o português e a linguagem indígena.

O ambicioso projeto de desenvolver a exploração das salinas e exportação do sal fracassou diante dos poucos recursos disponibilizados pela Companhia WIC e pela malograda conquista do Maranhão (1641/1643) que ocasionou muitas dívidas e baixas no contingente de soldados e indígenas aliados. Em janeiro de 1644 Gedeon e toda guarnição neerlandesa do Siará foram trucidados por índios revoltosos, que depois se descobriu terem agido com terrível brutalidade.

Até o final da primeira incursão holandesa na Capitania do Siará Grande temos um insistente conceito por parte do colonizador de fixar-se na Barra do Rio Ceará, que por várias razões se mostrava para a época um inapropriado local para implantação de um futuro aglomerado urbano. Voltou a Capitania do Siará Grande a relativo abandono.

Em 1645 voltaram os batavos ao Siará em breve missão comandada por Roeloff Baro. Somente em 1649 é que a WIC envia Matias Beck ao Siará com o objetivo de localizar e explorar suposta mina de prata. A expedição partiu para o Siará em 20 de março, chegando ao Mucuripe a 3 de abril. Matias Beck rapidamente concluiu que a localização da antiga fortificação era inadequada. A água do Rio Ceará salobra, a barra assoreada e a distancia do “porto” eram fatores que o levaram a escolher as margens do Rivierbeken Genaalmd Marajaitiba (Riacho Pajeú) e do Bergh Marajaitiba (Morro do Pajeú) para instalar seu novo forte, denominado Schonenborch. Beck reforça sua escolha relatando em cartas aos superiores o cuidado com a defesa e que desde as encostas do morro do forte até as serras existiam grandes bosques e um grande estoque de madeira in natura. O fracasso das minas de prata relatadas pelos índios levou Beck a aproveitar os diversos recursos naturais e humanos da região propiciando a construção de um posto colonial. Acreditando no sucesso de sua empresa Beck chegou a escrever para Pernambuco solicitando a vinda de sua esposa. Não há comprovação se de fato ela veio.

Matias Beck aceitou a capitulação dos neerlandeses a 1 de maio de 1654, passando a administração da Capitania do Siará Grande ao português Álvaro de Azevedo Barreto. Sem saber do seu grande feito havia deixado como legado o embrião da futura cidade de Fortaleza.

Forte Schonenborch
Forte Schoonenborch, Riacho Pajeú e o Morro Marajataiba - 
detalhe do mapa: 't Forte Schoonenborch - Capitania de Siara
Amorim (2014, p. 69)


O Sentimento do Nativismo. (Os primórdios da formação do conceito de identidade de povo brasileiro).

Durante os primeiros anos que os holandeses estiveram no Nordeste do Brasil existiam capitanias autônomas, a despeito de haver um governo central não havia uma unidade como nação. Uma referencia anterior, análoga a esse movimento foi a participação do olindense Jerônimo de Albuquerque deslocado para o Maranhão para debelar os franceses, convocado na qualidade de militar. Martim Soares Moreno atuou como seu comandado. Não houve o engajamento de civis até porque a população de São Luiz era diminuta.

Um sentimento de nação começa a despertar em Pernambuco durante o período chamado de Guerra da Resistência (1630/1635). O general Matias de Albuquerque acompanhado de centenas de “pernambucanos” fundou a improvisada fortificação do Arraial do Bom Jesus (hoje Bairro de Casa Amarela) resistindo bravamente por cinco anos aos poderosos exércitos holandeses.

“Ao Arraial do Bom Jesus compareceram com seus comandados Luiz Barbalho e Martins Soares Moreno, Filipe Camarão com seus índios e Henrique Dias com seus negros, resolutos em manter uma guerra diuturna que veio a incutir na gente de Pernambuco o sentimento do nativismo”. (DP, 2003, D2) Diante de tremendos padecimentos, rendeu-se o Arraial sob o comando do Governador André Marim e seus capitães em 6 de junho de 1635.

Destaca-se a Formação do Exercito Brasileiro.

Passados dez anos da rendição do Arraial do Bom Jesus, voltam os pernambucanos a perseguir o ideal libertário. Liderados por João Fernandes Vieira e André Vidal de Negreiros teve adesão de senhores de engenho, entre eles Antônio Cavalcanti e o Capitão Antonio Dias Cardoso, veterano em técnicas de guerrilha, e da população civil em geral. Eclodiu o movimento chamado Insurreição Pernambucana, mais precisamente no dia 13 de junho de 1645, no engenho São João da Várzea. A senha era a palavra açúcar. O movimento objetivava o fim do Brasil Holandês, consequentemente restituir a coroa portuguesa das capitanias do norte.

“Foi a Guerra da Liberdade Divina, como fora definida a Insurreição Pernambucana, eclodida em 1645, um movimento surgido a revelia da Coroa Portuguesa, da parte dos moradores de Pernambuco, destinado a expulsão dos holandeses do território compreendido entre o Rio São Francisco e a capitania do Maranhão”. (SILVA, p. 26)

“Antes dos Guararapes, os nascidos no Brasil mesmo quando filhos de portugueses eram simplesmente chamados de mazombos. O gentílico brasileiro, do qual tanto nos orgulhamos, é fruto desses nossos ancestrais que, a custa do seu sangue de suas vidas e suas fazendas, lançaram as sementes da nossa nacionalidade”. (SILVA, p. 26)

“Foi no calor da “guerra brasílica”, assim chamada para denominar a ampla utilização dos métodos e táticas de guerrilhas até então desconhecidos dos exércitos europeus que pela primeira vês mazombos e reinóis, índios brasilianos, negros de nação, crioulos e mulatos, formaram os seus terços e juntos lutaram pela restauração desta terra”. (SILVA, p. 26)

Em 1645 Fernandes Vieira da início a obras do novo forte denominado Forte Real do Bom Jesus. Em 7 de outubro d 1645 João Fernandes Vieira é aclamado “Governador da Liberdade”. No documento firmado constam de 133 nomes de moradores de Pernambuco entre senhores de engenho, clero, milícia e agricultores.

O governador Geral do Brasil, Antônio Teles da Silva enviava reforços da Bahia.

"Há um ponto muito importante a acentuar: é que a revolta contra o domínio holandês teve a justificativa religiosa, como disse Vieira –'a guerra se fazia pela honra de Deus e defesa da fé católica'". (p. 19, Santiago).  (PEREIRA, 1995) 

Os holandeses passaram a ficar sitiados no Recife, chegando a passar privações. Receberam reforços em 22 de junho de 1646. Animados mandaram cunhar duas moedas comemorativas, as primeiras que se tem notícia no Brasil.

“Reunidas as forças luso-brasileiras, formadas pelos terços de Vieira, André Vidal de Negreiros, os índios de D. Antonio Filipe Camarão, e os negros de Henrique Dias, os luso-brasileiros foram a luta contra as tropas holandesas. Seguiram-se as vitórias dos nossos em Tabocas e Casa Forte respectivamente a 3 e 17 de agosto de 1645, epopeia depois coroada nas duas batalhas dos Montes Guararapes, 1648 e 1649, antecedendo a rendição do Recife em 27 de janeiro de 1654”. (DP, 2003, D5)

Nos anos seguintes os luso-brasileiros continuaram em vantagem e reconquistaram as vilas de Penedo e Porto Calvo, seguida de Itamaracá deixando os holandeses sitiados no Forte Orange. Em 1647 o rei de Portugal envia para Pernambuco Francisco Barreto de Menezes para assumir o comando dos insurretos.

Foram sob o comando de Francisco Barreto que os luso-brasileiros derrotaram as duas tentativas dos holandeses de furar o cerco, encurralados nas duas Batalhas dos Guararapes em 1648 e 1649 respectivamente, piorando muito a situação dos flamengos.

Contribui a colaboração de integrantes da frota anual da Companhia de Comércio do Brasil que chegou ao Recife em 20 de dezembro de 1653, ficando acertado com o comando da guerra que os mesmos fariam o bloqueio da costa do Recife e Olinda. A partir de então foram caindo uma a uma às bases holandesas até a rendição a as 11 horas da noite do dia 26 de janeiro na Campina da Taborda depois de transcorridas 62 horas de negociações. Na mesma noite houve a entrega das chaves da cidade a Barreto de Menezes.

Maquete do Forte das Cinco Pontas exposto no Museu da Cidade do Recife
Foto do acervo particular

Foto do acervo particular

Interior do Forte das Cinco Pontas
Foto do acervo particular

Com a capitulação foi entregues pelos holandeses além das praças do Recife e Maurícia, as de Itamaracá, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará, rendição definida pelo Barão do Rio Branco “como a mais importante que registra a História Militar na América do Sul”.  (SILVA, p. 29)

 HOMENAGENS PÓSTUMAS

Litografia em rótulo de cigarros com os quatro heróis: Vidal de Negreiros, Fernandes Vieira, Henrique Dias e Felipe Camarão. (WIKIPÉDIA)

Em 6 de agosto de 2012, a Lei Federal nº 12.701[7] determinou a inscrição dos nomes de André Vidal de Negreiros, Francisco Barreto de Menezes, João Fernandes Vieira, Henrique Dias, Antônio Filipe Camarão e Antônio Dias Cardoso no Livro de Heróis da Pátria (conhecido como "Livro de Aço"), depositado no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, um cenotáfio que homenageia os heróis nacionais localizado na Praça dos Três Poderes, em Brasília(WIKIPÉDIA)


SALÃO GUARARAPES

O Salão Guararapes foi inaugurado em 1997 como um Espaço Cultural na Entrada Principal do Quartel-General do Exército, local de acesso a autoridades civis e militares, nacionais e estrangeiras, em visita à sede do Comando da Força Terrestre do Brasil.


Para tanto, este Salão apresenta diversos elementos representativos da história da Força Terrestre do Brasil, destacando-se o "Tapete Guararapes", o busto do Marechal Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias, o símbolo e o brasão de armas do Exército Brasileiro, a réplica da estátua de Nossa Senhora dos Prazeres, os quadros do artista e historiador militar Coronel Pedro Paulo Cantalice Estigarríbia e a panóplia com as bandeiras históricas do Brasil, dentre outros itens.

TAPETE GUARARAPES

Este tapete, doado pela Fundação Habitacional do Exército para compor a decoração do Salão Guararapes, no Quartel-General do Exército, é uma reprodução da obra do pintor catarinense Victor Meireles, a qual representa um momento épico de nossa História: a Primeira Batalha dos Guararapes, ocorrida em 19 de abril de 1648, nos Montes Guararapes, próximo à cidade de Recife, Pernambuco, considerada o marco de criação do Exército Brasileiro.


Essa Batalha, ocorrida durante a "Insurreição Pernambucana", em 19 de abril de 1648, próximo à cidade de Recife, Pernambuco, é considerada o marco inicial do Exército Brasileiro. Naquela memoriável ocasião, nossas tropas, formadas por patriotas luso-brasileiros, negros e índios, venceram os invasores holandeses, muito superiores em número e armamento, forçando-os, posteriormente, a abandonar o Nordeste brasileiro.

Durante a Insurreição Pernambucana, com o “Compromisso Imortal de Ipojuca”, firmado em 23 de maio de 1645, pela primeira vez em nossa história se registrou o uso da palavra “Pátria” para referir-se a esta terra.

Armando Farias

AMORIM, J. Terto de (Org.). O Siara na rota dos neerlandeses. Utrecht/Fortaleza: Augusto César Barbosa, 2014.
DIÁRIO DE PERNAMBUCO. Os Holandeses em Pernambuco: a civilização do açúcar. Recife, D2, D5, 21 jul.2003.
PEREIRA, Ruy dos Santos. Sobre a invasão holandesa. Jornal do Comércio, 11/6/1995.
SILVA, Leonardo Dantas. Para Entender o Brasil holandês. Revista Continente Documento. Recife: Companhia Editora de Pernambuco, v. 1, n. 1, 2002.

እሑድ 24 ጃንዋሪ 2021

O Antigo Mercado Público de Sobral (DEMOLIDO)

A propositura para a construção do “novo” mercado público de Sobral remonta ao ano de 1818, portanto ainda nos tempos da Capitania do Siará Grande. A ideia partiu do Ouvidor Desembargador Manuel José de Albuquerque em uma Audiência Geral e de pronto foi aceita pelo Capitão Mor Ignácio Gomes Parente, que disponibilizou recursos pecuniários para a construção da obra, mais de três contos de réis. Também recebeu a adesão do Ajudante Joaquim José de Almeida, que se encarregou de aprontar os materiais e acompanhar toda a obra que recebeu das autoridades um prazo de dois meses para se concluir. 

Foi escolhida a Praça Barão do Rio Branco para a edificação do mercado. Por se tratar de uma área sujeita a alagamentos no período chuvoso foi necessário aterrar previamente o local. 

Antigo mercado público de Sobral
Mercado Público de Sobral - Praça Barão do Rio Branco
Foto do acervo particular

A obra foi finalizada e inaugurada em fevereiro de 1821 e no dia 28 do mesmo mês a Câmara reuniu-se e por decreto e deliberou as seguintes posturas (FROTA, 1953, p. 509): 
    1. Que do dia 5 de março em diante deve haver somente no Mercado Público toda a compra e venda de mantimentos e gêneros do paiz. 
    2. Permitta-se nelle também a venda de líquidos e ainda de bebidas espirituosas, guardadas nestas a moderação necessária a tranquilidade pública. 
    3. Nenhum roceiro ou outro qualquer vendedor, tendo de vender os seus mantimentos, legumes ou pescado, poderá fazel-o senão do dito Mercado, aonde dirigirá os seus carros e cargas em direitura, sem que dê logar a ser-lhe convocada a venda por travessia, a qual é prohibida em toda sua extensão, quer da parte do vendedor, quer da do atravessador: Bem entendido que se não compreendam nesse artigo as cargas que cada um manda vir para o consumo de sua casa e sustento de sua família. 
    4. Deverão os vendedores, donos de mantimentos de todas as qualidades entrar na Praça e expor ao povo a venda franca do que tiveram a vender pelos preços que lhe fizeram conta. 
    5. Não poderão, caso não tenham extração ao que tem a vender levantar a venda ao povo, enquanto não tiverem assim estado três horas ao mesmo. 
    6. Findas três horas, para benefício da agricultura e povo, lhes é permitido vender pelas ruas ou a quem quizerem; devendo porem assim praticar, obter primeiro bilhete de licença do Almotacé, escrita pelo Escrivão de que este lhe levará um vintém, quer de muitas quer de poucas cargas, comtando que sejam de um só dono: sem o qual é prohibida dita venda pelas ruas ou a quem quizer. 
    7. Contemplando esse Conselho os commodos que experimentam os lavradores e mais pessoas na mesma Praça, em que se gastou tão utilmente grande somma de dinheiro, e há falta de rendimentos do Conselho, devendo-se conciliar por todos os modos o interesse publico com o particular: Ordena mais o mesmo Senado o seguinte – De cada carro que conduzir à Praça gêneros e mantimentos do seu consumo, pagar-se-ão oitenta reis. 
    8. Haverá no Mercado uma pessoa capaz, que a Camara eleger para cobrador; e observa-se-há nesta cobrança a maneira seguinte – O Juiz Almotacé nomeará de seus offíciaes semanalmente hum, o qual será obrigado a estar na Praça. Este hirá dar entrada a todos os Carreiros, e conductores de caras; ele os lançará em um quaderno com seos nomes, quantias, e quallidades de mantimentos. Depois hirão pagar ao Cobrador, que fará igual assento, e no fim de Semana, cada hum levará o quaderno ao Procurador do Conselho, que as combinará, e receberá o eu tiver produsido; e dará contagem a Camara de qualquer dúvida, ou inconveniência para ser providenciada; devendo ao mesmo tempo o Juiz Almotacé ter toda vigilância nisto; podendo fazer todos os exames; e indagaçoens afim de obter-se a exactidão; e como tanto o official, como o cobrador ficarão onerados nesta cobrança, concede este 
    9. Os regatoens não poderam por meios directos ou indirectos atravessar mantimentos, nem tão bem augmentar escandalosamente os seus preços. 
    10. Toda e qualquer pessoa que contrariar por qualquer forma o determinado nas presentes Posturas, incorrerá nas penas de trinta dias de cadeia e seis mil reis de condenmnação para as despesas do Conselho. Os Juizes Almotaces ficaram responsáveis pelo seu inteiro, activo e zeloso cumprimento.
Observa-se com as posturas adotadas pela Câmara os cuidados do Poder Público com o bem estar dos seus jurisdicionados. A Lei era rigorosa ao combater e punir os atravessadores que especulavam para aumentar os preços dos gêneros deixando evidente as penas a serem aplicadas. 

Com o Mercado pronto a Câmara manifestou agradecimento ao Capitão Mor Inacio Gomes Parente pelo gesto de generosidade emprestando o dinheiro necessário para a construção do Mercado “sem juros ou interesse”. O documento datado de Villa de Sobral, Capitania e Comarca do Siará Grande, de nove de junho de mil oitocentos e vinte e hum annos, traz os devidos agradecimentos e as assinaturas das autoridades locais, 

“Antonio Furtado do Espírito Santo, Escrivão da Comarca que redigiu o documento. Também assinaram Antonio Carneiro da Costa, Antonio José de Faria, João Rodrigues de Azevedo e Vicente Carlos de Sabóia”. O documento foi selado com as Armas Reais. 

No ano de 1940 o prédio do Mercado Público de Sobral foi demolido pelo então prefeito Vicente Antenor Ferreira Gomes com o propósito de embelezar a Praça Barão do Rio Branco, hoje, Praça José Sabóia. 

Sobrado que pertenceu ao Major Manuel Francisco de Morais 
(à esquerda, que também figura na foto anterior) 
Frota (1953, p. 458)
Armando Farias

FROTA, José Tupynambá da. História de Sobral. Fortaleza: Pia Sociedade de São Paulo, 1953.

ረቡዕ 20 ጃንዋሪ 2021

O Engenho nos Séculos XVI e XVII

No século XV o açúcar era considerado uma especiaria, porém ao contrário das demais não se resumia a um produto agrícola “e sim o complexo resultado do beneficiamento apropriado da cana de açúcar que tinha de ser plantada, colhida, espremida, cosida, purgada e embalada até se transformar num bem comercializável.” (GOMES, 2006, p, 25). Finalizado existia dois tipos, o açúcar branco e o mascavo de menor valor. 

Segundo Schwartz (1988, p. 21,citado por GOMES, 2006 p 23), “originário das baixadas de Bengala ou do sudoeste asiático, a manufatura do açúcar de cana alcançou a Pérsia e dali foi levada pelos conquistadores árabes à costa ocidental do Mediterrâneo.”

Os portugueses se apropriaram do manejo da cultura da cana e da produção do açúcar e introduziram seu cultivo na Ilha da Madeira, chegando ao final do século XVI como o maior produtor de açúcar do ocidente. 

Foi o seu alto custo nos mercados europeus que propiciou o início da colonização portuguesa no Brasil. Os efeitos civilizadores e religiosos foram uma consequência dessa atividade econômica da qual era um negócio da coroa portuguesa. O epicentro dessa cultura era o engenho que nos séculos XVI e XVII se apresentava em um complexo de edificações demasiado rústicas e em alguns casos de caráter provisório. A chamada casa grande nesse período era construída de taipa e de abode, senzalas também de taipa, com uma única entrada e a “moita” - fábrica, preferencialmente na margem do rio. Em Pernambuco predominou moenda e caldeiras em um cômodo. Purga e encaixotamento em outro edifício, porém próximos. 

Durante as décadas que a Capitania do Siará Grande passou em abandono (1534/1603), Pernambuco e Bahia tinham intensa atividade econômica no plantio e produção de açúcar nos seus engenhos. Porém, pode se depreender que foi uma consequência do franco desenvolvimento desses dois centros que se deu início o processo colonizador da Capitania do Siará Grande, através de correntes migratórias provenientes de Pernambuco e Bahia, a partir do final do século XVII com a distribuição de sesmarias pela Coroa Portuguesa. 

Em 1542, engenhos já haviam sido implantados nas margens do Rio Beberibe, Salvador e Nossa Senhora da Ajuda. Seguiu se expandindo pela Região Nordeste no litoral oriental brasileiro conhecida por de Zona da Mata, que entre Alagoas e Rio Grande do Norte situa-se entre a área litorânea e o Planalto da Borborema. Na Bahia prosperaram na região conhecida por Recôncavo Baiano. Em ambos os casos regiões que ocorre o solo popularmente conhecido por massapê, uma estação chuvosa abundante e uma seca. 

Fixavam-se preferencialmente nos deltas dos rios para facilitar o transporte, onde os barcos levavam o produto finalizando e encaixotado ao porto. Também nesses locais havia abundância de lenha para alimentar as fornalhas que chegavam a queimar por sete a oito meses seguidos.

Moenda de engenho
Moenda de Engenho, vendo-se o sistema de transmissão de força para os cilindros, a partir da roda à água. segundo gravura holandesa do século XVII. Desenho de Frans Post (14,3 x 28,2 cm), do acervo do Museu Real de Belas Artes (Bruxelas). (Souza Leão, F. Post, 1973, n D 21).
Gomes (2006, p. 36)

Havia dois tipos de engenho, o engenho real, movido à água e de grandes proporções, e a engenhoca, movido à tração animal, com menor produtividade e custos mais elevados. A produção de um engenho a roda d'água dobrava em relação aos engenhos movidos a animais. No Ceará, essa nomenclatura (engenhoca) ficou associada a propriedades rurais no século XIX, que produziam aguardente e rapadura. 

No engenho real a produção alcançava 400 pães de açúcar. Eram necessários cerca de 150 a 200 escravos que se dividiam em escravos de enxada e foice para o campo e moenda, e os negros e negras para o serviço da casa. Em outras partes eram necessários vários profissionais para que um engenho de fato produzisse, fabricasse, transportasse e despachasse o açúcar, barqueiros, canoeiros, calafates, carpinteiros com as respectivas madeiras seletas, serrarias de machados e serras, carreiros, oleiros, vaqueiros, pastores e pescadores, um mestre de açúcar, um purgador,  um banqueiro e seu substituto, um contrabanqueiro, um caixeiro no engenho e outro na cidade, feitores e um feitor mor. Necessita ainda o engenho de fornalhas, caldeiras, barcas e carro de junta de bois.

No engenho real a moda de pequena cidadela havia vários edifícios, a casa para o senhor de engenho, quarto separado para hóspede, a capela e morada do capelão, morada dos demais profissionais, as senzalas, casa de purgar, alambique e outras instalações. 

Entre a segunda metade do século VXI e início do século XVII nota-se o crescente número de engenhos em Pernambuco; 23 em 1570 (Gândavo), 66 em 1583 (Cardim) e 77 em 1608 (Campos Moreno). 

A riqueza decorrente da produção e exportação do açúcar foi notada por Gabriel Soares de Sousa (1540/1591) que em seu Tratado Descritivo do Brasil de 1587 sublinha possuir Pernambuco “mais de cem homens que tem até cinco mil cruzados de renda, e alguns até oito mil cruzados.” (DP, 2003, D5)

Graças às vultosas exportações do açúcar de Pernambuco foi possível incrementar a colonização da Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e a incorporação do Maranhão ao Brasil, fato que se deve ao olindense Jerônimo de Albuquerque, depois acrescido “Maranhão” ao nome tornando-se o primeiro capitão-mor da Capitania do Maranhão em 1615. (DP, 2003)

No século XVIII surgiu o ciclo do ouro, que coexistiu ao do açúcar que não se encerrou, pelo contrário, teve na primeira década do século XVIII um aumento no número de engenhos. Foi nesse século que alcançou a maior e mais rica produção arquitetural de Pernambuco e da Bahia. O que houve foi uma perca no mercado internacional, passando o Brasil a competir com a produção de açúcar do Haiti. O ouro, mesmo no seu auge não ultrapassou a renda proveniente do açúcar, que foi sempre superior a de qualquer outro produto. “quando as exportações totais do Brasil foram avaliadas em 4,8 mil contos de réis, o açúcar respondeu por 50% desse total e o ouro por 46%.” (SCHWARTZ, 1988, p. 169, citado por GOMES, 2006, p.26)

Armando Farias

DIÁRIO DE PERNAMBUCO. Os Holandeses em Pernambuco: a civilização do açúcar. Recife, D4, D5, D6, 21 jul.2003.
ANDRADE, Manoel Correia de. Pernambuco imortal: nativos e colonizadores 1. Recife: Jornal do Comércio, s.d. 
GOMES, Geraldo. Engenho e arquitetura. Recife: Fundaj, Ed. Massangana, 2006.

ቅዳሜ 16 ጃንዋሪ 2021

O Dia do Ceará

Nos séculos XVIII e XIX a economia da Capitania do Sairá era predominantemente a indústria pastoril. Os rebanhos eram transportados por estradas aos grandes mercados, feiras de Pernambuco e da Bahia. O principal ator era o boiadeiro, o vaqueiro e o tangerino. Das praças consumidoras vinham instrumentos, panos e escravos. Essa modalidade de comércio causava diversos prejuízos por conta da longa jornada. A solução foi a comercialização do produto semi-industrializado na forma de mantas conservadas pelo sal. Com a grande aceitação do produto surgiu a venda através da navegação de cabotagem, assim as reses eram transportadas por menores distâncias, somente até os portos a serem carneadas. Os mais importantes eram os da embocadura do Rio Jaguaribe, Acaraú e Coreaú. 

Pintura de vaqueiro no sertão
Imagem do acervo particular

Até o final do século XVIII a Capitania do Siará continuava subordinada a Pernambuco. Sujeição que muito prejudicava o desenvolvimento local principalmente no tocante ao comércio com o Reino, que era obrigatório ser feito através de Pernambuco por intermédio do porto do Recife. 
 
Nesse período parte do comércio era constituído por gêneros da agricultura. A consequência desse processo de “baldeação” era a pequena margem de lucro que os produtores cearenses alcançavam visto que tinham que despender somas significativas com o frete até Pernambuco e para Portugal, encarecendo também ao consumidor final. Outro fator que inibia esse comércio era os naufrágios, que anualmente eram frequentes atribuídos a imperícia dos práticos. Esses altos custos também prejudicavam as trocas dos produtos locais com os importados, que alcançavam cifras elevadas e eram necessários no dia a dia da colônia. 

Tais fatores prejudicavam o desenvolvimento da Capitania do Siará, desestimulando um incremento na produção local. Foram muitos os clamores por parte dos cearenses e demais habitantes radicados na capitania ao Reino de Portugal com objetivo de pôr fim a essa condição. 

Porém nem todos perdiam. Os atravessadores tiravam vultosos lucros como verdadeiros especuladores sobre a situação. 

Essas demandas também enfrentaram a negativa dos Governadores de Pernambuco, que por motivos óbvios não queriam perder suas receitas advindas dos produtos do Siará e não queriam abrir mão dos domínios de uma jurisdição que compreendia mais de mil e duzentas léguas quadradas. Mesmo após o Decreto Real havia tentativas contrárias, chegando ao ponto de tentar burlar a medida régia. “Insistiam na velha prática de mandar por terra os seus cavalos e bois as feiras pernambucanas, fazendo voltar por via marítima artigos e panos para suas lojas.” (GIRÃO, 1959, p. 96)

A solução veio através do Decreto assinado pela Rainha Dona Maria I com data de 17 de janeiro de 1799 ordenando a separação. 

“Considerando os inconvenientes que se seguem, tanto ao meu Real serviço como ao bem dos povos, da inteira dependência em que os governos e as capitanias do Siará e da Paraíba se acham do Governador Geral da Capitania de Pernambuco, que pela distância em que reside não pode dar com prontidão as providências necessárias para a melhor economia interior daquelas capitanias.” (GIRÃO, 1959, p. 93)

“Em tudo que diz respeito a proposta de oficiais militares, nomeações interinas de oficiais e outros atos do governo”. Excluindo “defesa interior das três capitanias e a policia exterior interior das mesmas.”  (GIRÃO, 1959, p. 93)

E acrescentou “Igualmente determino que do Siará e da Paraíba se possa fazer um comércio direto com o Reino, para o que se estabelecerão, em tempo e luar convenientes, as bases da arrecadação que forem precisas e se darão as outras providencias, que a experiência mostra, para a comunicação imediata e o comercio da dita capitania com esse Reino.” (GIRÃO, 1959, p. 95)

De pronto foi nomeado Bernardo Manuel de Vasconcelos para o cargo de Governador da Capitania do Siará. Embarcou no comboy que tinha por comandante o chefe de esquadra Paulo José da Silva Gama, no dia 23 de maio de 1779. Decorridos quase três meses de navegação, chegou ao porto de Pernambuco no dia 11 de agosto, onde se demorou por trinta e nove dias, tempo necessário para preparar as embarcações que deveriam comboiar demais empregados e gêneros e pretextos da Real Fazenda. 

Em 25 de setembro, desembarcou no Porto de Mucuripe e em 29 do mesmo mês tomou posse do Governo. Bernardo de Vasconcelos demonstrou seu comprometimento ao novo cargo pondo-se ao par das necessidades da capitania que iria administrar, cercando-se de pessoas que nela já haviam habitado, destacando-se pelo elevado grau de instrução. Francisco Bento Maria Targine, que o encontrou ainda no Recife e tornou-se seu verdadeiro mentor. 

Bernardo de Vasconcelos mostrou-se deveras empenhado em dar cabo às ordens de Dona Maria I, bem como efetuou diversas benfeitorias na capital abrindo estradas para ligá-la ao interior, estimulando a produção de arroz, proibindo a devastação das matas e preservação da madeira de lei. Nesse período houve um incremento na construção de casas na capital, se deu a instalação da Junta da Fazenda em 1 de outubro de 1799, e das baterias levantadas no Mucuripe com o nome de Forte de São Bernardo. 

Bernardo de Vasconcelos faleceu no exercício das funções em 10 de março de 1802, não chegando portanto a ver a entrada do primeiro navio proveniente da Europa, fato que ocorreu em 10 de março de 1803, quando aportou no Mucuripe a Escuna “Flor do Mar”. 

De imediato, substituiu Bernardo Vasconcelos uma Junta Provisória. Deu continuidade ao seu trabalho o novo Governador nomeado João Carlos Augusto de Oeynhausen, militar ilustre e homem de Estado, aqui chegando em 11 de novembro de 1803. Foi durante a sua gestão que saiu do porto do Aracati o primeiro carregamento de algodão transportado pelo navio “Cobra”. Oeynhausen regularizou definitivamente o comércio entre o Siará e o Reino, livrando-se da incômoda obrigação de fazê-lo por Pernambuco. 

Não se pode deixar de mencionar o nome do rico português Antonio José Moreira Gomes, pioneiro empreendedor que desde 1777 estabeleceu-se em Fortaleza e foi grande incentivador e financiador do plantio de algodão, produto que após 1808 passou a comerciar também com a Inglaterra.

Armando Farias

GIRÃO, Raimundo. Geografia estética de Fortaleza. Fortaleza: Imprensa Universitária do Ceará, 1959.
GIRÃO, Raimundo. Pequena história do Ceará. 2. ed. Fortaleza: Editora Instituto do Ceará, 1962.

ሐሙስ 14 ጃንዋሪ 2021

A antiga Igreja do Coração de Jesus (DEMOLIDA)

As estiagens prolongadas continuaram assolando o Siará. Um fenômeno típico do semiárido. No Ceará Provincial não foi diferente. Esse era um dos fatores que traduziam a situação de pobreza da Capitania do Siará. Essa precariedade evidenciava-se em diversos aspectos, um deles era a quantidade e características arquitetônicas dos templos religiosos aqui erguidos. As ricas ordens religiosas não se sentiam atraídas para aqui instalarem seus imponentes conventos e mosteiros. 

No Siará dos tempos da capitania tem-se relatos de três pequenas edificações religiosas. A mais antiga foi a ermida de invocação a Nossa Senhora da Assunção, de 1654, que situava-se nas instalações militares. A Igreja de Nossa Senhora do Rosário era uma capelinha de taipa e palha, em 1730. A outra foi a capela mor que antecedeu a matriz de São José, que somente em 1795, teve as obras parcialmente concluídas. 

Reinava D. Pedro II, quando mais uma seca se abateu sobre o Ceará. Intensificou-se em 1877 e prolongou-se até 1879. Uma das consequências foi um grande número de retirantes em Fortaleza. Nessa época José Francisco da Silva Albano, o Barão de Aratanha, que fez fortuna no comércio e sempre se mostrou um homem filantropo e caridoso, teve a ideia de construir um templo em Fortaleza sob a invocação e devoção do Sagrado Coração de Jesus. Nessa obra acolheu muitos flagelados em seu canteiro de obras. Teve uma contribuição do governo, que colaborou com metade dos tijolos fabricados pelos trabalhadores retirantes. 

Foto aérea da Igreja do Sagrado Coração de Jesus
Foto aérea da Igreja do Sagrado Coração de Jesus e adjacências
Foto do acervo particular

Sobre a Igreja concluída temos um relato de Bezerra de Menezes (citado por BARROSO, 1962, p. 371): 
“Sentada sobre uma plataforma de dois metros de altura, domina pela sua composição grandiosa e singela”.

Prossegue dando mais detalhes:

“Mede duzentos palmos de comprimento sobre sem de largura; o adro é cercado de uma grade de ferro, presa a colunas de alvenaria, onde se elevam as estátuas dos doze apóstolos, feitas de bronze em tamanho natural. É também de bronze e medem três metros de altura a estátua de Jesus, que se acha colocada na fachada por sobre o pórtico, que é de granito. Interiormente é o templo de três naves divididas por arcarias sobre colunas dóricas”.

Igreja do Sagrado Coração de Jesus, antes do desabamento
Igreja do Sagrado Coração de Jesus, antes do desabamento
Barroso (1962, p. 373)

A Igreja do Sagrado Coração de Jesus levou oito anos para se concluir, de 1878 a 1886, quando teve consagrado o seu altar-mor, no dia 25 de março, pelo então Bispo D. Joaquim José Vieira. 

A antiga Igreja do Sagrado Coração de Jesus exibia feições do estilo neoclássico, assemelhando-se a Igrejas de Fortaleza como do Patrocínio e de Nossa Senhora do Carmo e possuía dimensões relativamente modestas. Diferenciava-se externamente pelo coroamento do campanário, que era em flecha aguda. No início do século XX, a diocese passou a administração da igreja à Ordem Seráfica dos Capuchinhos da Missão do Maranhão. 

Como manda a tradição, tudo em Fortaleza tem que ser modificado, mudado ou apagado. Já na posse dos Franciscanos, o templo sofreu reformas no ano de 1952. A mais impactante foi na torre, que perdeu a flecha aguda, substituída por mais um nível contendo um pesado relógio. O coroamento foi com terraço em balaustrada, sobre a imagem do Cristo. 

Transcorria o ano de 1957. Os primeiros meses da quadra chuvosa foram fartos em água. No dia 14 de março houve o desmoronamento da torre da Igreja do Sagrado Coração de Jesus, ocasionando a destruição da primeira metade do templo. Não houve vítimas. 

Igreja do Sagrado Coração de Jesus, depois do desabamento
Igreja do Sagrado Coração de Jesus, depois do desabamento
Barroso (1962, p. 375)

A antiga Igreja do Sagrado Coração de Jesus era simples, como simples são as igrejas de Fortaleza, porém carregava uma história, uma época, um estilo. Foi a igreja que brotou da seca.
Causas do desabamento a parte, a restauração foi descartada por religiosos e autoridades. A igreja foi demolida e uma nova edificada, que hoje se encontra no local. 

Cartão postal da Igreja do Sagrado Coração de Jesus
Igreja do Sagrado Coração de Jesus
Cartão postal do acervo particular
Armando Farias


BARROSO, Gustavo. À margem da história do Ceará. Fortaleza: Imprensa Universitária do Ceará, 1962.

እሑድ 10 ጃንዋሪ 2021

Antecedentes da Invasão Holandesa. O Açúcar. Primeiras Tentativas

Na Capitania do Siará são escassos os documentos que abordam o período que antecedeu o domínio Holandês. Há relatos de neerlandês comerciando com indígenas já no início do século XVII. Dos Países Baixos para o Brasil no período entre 1600 e 1630 eram embarcados vários itens, sendo o machado o principal. Facas, facões e canivetes eram transportados em grande quantidade e em menor escala foices, pás e enchós. 

Um artigo particular era o berimbau de boca, chamado de tromp que era um instrumento musical popular na Europa medieval e tornava-se popular entre os índios.

Berimbau
Berimbau
Amorim (2014, p. 31)

O Siará entrou na rota dos neerlandeses por conter em sua costa vários pontos que serviam de referencial e auxílio a marinheiros e cartógrafos para a navegação no Atlântico, como serras, serrotes, cabos e pontas. Outro fator é que entre o Forte dos Reis Magos e a Ilha de São Luis só existia essa fortificação. 

Mapa da região compreendida entre o Rio Grande do Norte e o Piauí
Mapa da região compreendida entre o Rio Grande do Norte e o Piauí
Amorim (2014, p. 44)

Reijnier Pietersz visitou o Siará em 1630 e descreveu um assentamento de 12 casas com um castelinho cercado de paliçadas. Os produtos locais eram algodão, peles, madeira nobre, pedras, e outros. 

Martim Soares Moreno por vezes repeliu ataques de invasores. Em 1625 Moreno impediu que barcos flamengos aportassem no Ceará. Teve ajuda do soldado Manuel Álvares da Cunha bem como de indígenas aliados. Quando Martin Soares Moreno deixou o Siará em 1631 os holandeses já haviam dominado e se instalado em parte da Capitania de Pernambuco. Com a saída de Moreno entra a frágil fortificação de São Sebastião em franca ruína. Recebe seu pequeno continente, cerca de 20 soldados a recomendação de migrar para o Maranhão, considerando estarem suas vidas em perigo. Uma carta de Jácome de Noronha, Capitão Mor da Capitania do Maranhão datada de 1637 informa ao Rei que há dois anos não enviava quaisquer mantimentos ao Siará. Também indica que não havia padre para atender aos soldados. 

Na Bahia os governos de Tomé de Sousa e Mem de Sá inauguraram o início da atividade açucareira. Nos anos de 1560 já estavam instalados e em funcionamento engenhos ao redor de Salvador. Gabriel Soares de Sousa, em 1587, em seu Tratado descritivo do Brasil escreve que o Recôncavo possuía 36 engenhos com uma produtividade de 1.750 toneladas de açúcar. 

Na Bahia, em 1624, uma armada comandada pelos Almirantes Jacob Willeken e Piet Henry, financiada pela Companhia das Índias Ocidentais ataca Salvador. O ataque teve êxito, alguns erros administrativos e militares como a demora no envio de reforços fazem com que essa primeira base seja perdida em 1625 diante de tropas enviadas por Pernambuco e de um reforço armado enviado pela Espanha, que derrota e expulsa os holandeses em 1º de maio daquele ano. 

Em Pernambuco, a cana de açúcar já era cultivada desde o tempo da feitoria de Cristovão Jaques que ficava às margens do Canal de Itamaracá. Essa atividade já era recorrente em 1526 como comprova documentos da Alfândega de Lisboa com pagamentos de direitos sobre o açúcar proveniente de Pernambuco. Informações reveladas por F. A. Varnhagen. 1 

Alegoria dos produtos de Pernambuco em gravura em cobre
Alegoria dos produtos de Pernambuco em gravura em cobre
Diário de Pernambuco (jul. 2003, F. 5)


A Capitania de Pernambuco foi doação feita por Dom João III a Duarte Coelho Pereira em 10 de março de 1534, e compreendia extensa área territorial. Na observação de F. A. Varnhagen a capitania possuía doze mil léguas quadradas, a maior entre todas. Visionário e empreendedor, Duarte Coelho veio disposto a fixar-se em seus domínios. Trouxe a família, parentes do norte de Portugal, aprimoradas técnicas de fabrico do açúcar com a vinda dos engenhos e dos mestres especializados da Ilha da Madeira e capital de financiamento judeu. 

Mapa da costa do Brasil com a divisão das Capitanias Hereditárias, até o estreito de Magalhães
Mapa da costa do Brasil com a divisão das Capitanias Hereditárias, até o estreito de Magalhães (c1572)
Diário de Pernambuco (jul. 2003, D. 4)

Duarte Coelho chega a Pernambuco em 12 de março de 1535 e, após fazer reconhecimento de área, escolhe uma colina à beira mar para implantação de sua cidade. No documento Foral de Olinda de 12 de março 1537 Duarte Coelho enumera suas realizações e menciona pela primeira vez o Arrecife dos Navios, porto da vila que daria origem a cidade do Recife. 

Situação de Olinda, Recife e terras de engenhos das cercanias.
Situação de Olinda, Recife e terras de engenhos das cercanias. Livro que dá Razão no Estado \do Brasil (1616)
Diário de Pernambuco (jul. 2003, D. 4)


Logo o primeiro engenho de Pernambuco foi instalado. Denominado de Engenho Velho de Beberibe foi erguido por Jerônimo de Albuquerque, cunhado de Coelho. Diante do fértil massapé e condições pluviométricas favoráveis às culturas da cana, rapidamente se multiplicarão. Em 1583 um total de 66 engenhos já produzia açúcar. Frei Vicente de Salvador (c. 1564/c. 1636/39) informa que no início do século XVII a situação econômica da capitania era das melhores, o porto mais frequentado do Brasil e uma renda de vinte mil cruzados. Com o aumento da produção, o açúcar passa de item de luxo a produto acessível a todas as classes. Nos museus do Recife encontra-se uma peça chamada polvilhador de açúcar, demonstrando que a princípio seu uso era racional. 

Cana-de-açúcar, aquarela de Smalkalden
Cana-de-açúcar, aquarela de Smalkalden
Diário de Pernambuco (jul. 2003, D.2)


Outra evidência da grande produção de açúcar em Pernambuco e Bahia eram os ataques piratas a navios com carregamento procedentes desses portos. K. R. Andrews informa que entre 1589 a 1591 Portugal perdeu para corsários ingleses 34 navios. Fontes jesuíticas indicam que em 1589 foram capturados por ingleses e franceses 73 navios carregados. 

Esses ataques levaram os portugueses a adotar um outro tipo de embarcação. Trocaram as frágeis caravelas por um grande e pesado navio de origem alemã chamado urca (em alemão e holandês hulk). Entre 1595 e 1605 saíram do porto do Recife 34 deles carregados. 

Toda essa riqueza proporcionou a Olinda um desenvolvimento social, religioso e urbano com “bons edifícios e famosos templos”. Instalaram-se os Padres da Companhia de Jesus (1551) com sua respectiva igreja e colégio, os Padres de São Francisco da Ordem Capucha de Santo Antônio com seu convento e igreja (1585), o Mosteiro dos Carmelitas e sua igreja (1588) e o Mosteiro de São Bento (1592) com seus religiosos e respectivo templo. Além da igreja do Salvador do Mundo, uma das primeiras paróquias do Brasil. 

Como se depreende foi o açúcar o suporte econômico a fomentar os primórdios de desenvolvimento do que seria o Nordeste do Brasil. No caso da Capitania do Siará a consequência foi a introdução da criação de gado para abastecer de carne os centros produtores de cana de açúcar, atividade que impulsionou o povoamento e economia cearense.

Armando Farias

AMORIM, J. Terto de (Org.). O Siara na rota dos neerlandeses.Utrecht/Fortaleza: Augusto César Barbosa, 2014.
DIÁRIO DE PERNANBUCO. Os Holandeses em Pernambuco: uma história de 24 anos, Recife, jul. 2003.



እሑድ 3 ጃንዋሪ 2021

PENSATA: Os Prelúdios do povo cearense

Vimos os primórdios da Capitania do Siará Grande. Percebe-se o quão incipiente e pobre mostrou-se essa gleba de terra aos olhos do colonizador. Talvez por conta de sua localização geográfica e latitude, temos mais de 90% inclusos no semiárido. Os primeiros colonizadores aplicavam seus próprios recursos na empresa que se disponham. Os padres que aqui aportaram não eram diferentes e submeteram-se a grandes privações diante de total falta de estrutura e apoio por parte da Coroa e Estado para missionar. 
 
Estamos olhando para um recorte da história em que Pernambuco já era uma capitania rica com uma área territorial bem maior que hoje conhecemos. 

Engenho de açúcar
Sette (1953, p. 46) 

A Bahia continha a sede do governo. Em ambos os casos já havia muitos engenhos de produção de açúcar que era a maior economia de então, ricas igrejas e conventos. Bem projetadas e guarnecidas estruturas defensivas. 

Cidade de Salvador
Sette (1953, p. 24)

Olinda era equiparada a uma pequena Lisboa. O Maranhão despontou com a ocupação francesa que entre 1612 e 1615 fundou São Luis e nela aplicou recursos, fato que provocou a coroa portuguesa, forçando uma movimentação de reconquista envolvendo forças militares.
                                        
Brasão de Olinda Brasão de São Luis
     Vieira (s.d, n.p)                                      Meireles (1964, n.p.)

A Capitania do Siará estava no centro geográfico desses acontecimentos. Desde Pero Coelho o objetivo era atingir o Maranhão. Depois foge de uma seca para o Rio Grande do Norte onde havia o portentoso e antigo Forte dos Reis Magos, sólida construção ainda do século XVI. Martin Soares Moreno foi convocado para lutar no Maranhão, contra franceses. O Siará parecia invisível. 

A Capitania do Siará era a princípio subalterna à Capitania do Maranhão, depois a de Pernambuco. É evidente o grau de inferioridade de nossa capitania em relação as suas congêneres. Doravante, inicia-se um longo processo envolvendo autoridades militares e judiciais. Civis empreendedores, religiosos e indígenas na busca do progresso em uma terra que, aparentemente, se mostrava inóspita. Só aparentemente, o cearense sabe que de suas entranhas brota fertilidade. 

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Carnaubal
Foto do acervo particular

Assim é o que se propõe mostrar na sequência com o engajamento de todos esses atores na árdua jornada de construção do Ceará que hoje temos.

Armando Farias


MEIRELES, Mário M. São Luis, cidade dos azulejos. São Luis: Departamento de Cultura do Estado do Maranhão, 1964.
SETTE, Mário. Brasil, minha terra: leituras cívicas. 14. ed. Rio de Janeiro: Melhoramentos,1953.
VIEIRA, Ana Maria Trevia. Olinda: guia e mapa turístico (trabalho de história da arte guia artístico e turístico, 1º ano). [s.l: s.n, s.d.]