ሰኞ 16 ጃንዋሪ 2023

DIA DO CEARÁ – A CAPITANIA ABANDONADA

Diante do dia que entrou para o calendário cívico como “Dia do Ceará” fica o vazio, uma comemoração apenas protocolar e pouco conteúdo acerca do fato histórico para a população, que na grande maioria ignora data tão importante.

Divulga-se maciçamente a alcunha de “louca” a D. Maria, Rainha de Portugal, porém poucos sabem que foi Ela a autora do Decreto que separou o Ceará das “peias” de Pernambuco, fato ocorrido ao apagar das luzes do século XVlll.

Porém só no início do século XlX se consubstanciou de fato os efeitos positivos desse ato, que a anterior dependência relegou a capitania mais de 200 anos de atraso, somado ao abandono que ficou  pelo seu respectivo donatário, acarretando grandes prejuízos a mesma em relação a outras capitanias que formam o atual território do Nordeste brasileiro.

Muitas são as justificativas que conhecemos para tanto. Dizia-se terra de “bárbaros” e criminosos, praias vãs e imensidões arenosas, isolamento geográfico, tudo para justificar a situação de abandono.

Varnhagen teve informações de documentos para dizer-nos que a pequena praça de Martin Soares Moreno não ia além de uma aldeia de ranchos, além de índios uns 20 soldados que faziam a guarnição de um forte quadrado.

Não souberam os holandeses melhora-la. No diário de Beck ler-se sobre a região circunvizinha ao forte, “Não havia perto os veeiros para as catas, não se prestava a terra para a criação dos gados, não aflorava o massapé suculento para os canaviais de açúcar, sobre não correr nenhum rio de grande curso que levasse ao sertão. Não havia fontes, nem contrastes mais eloquentes que lembrasse o soberbo”.

Depois da reconquista lusa encontram-se atas no conselho ultramarino repletas das lamurias dos Capitães-mores do Ceará, solicitando meios e medidas para a mais elementar sustentação da pequena e distanciada colônia. Nem sequer se encorajavam eles a trazer as famílias, que não haviam de jogá-las, sujeitas a mil percalços, em lugarejo tão mísero, perdido no litoral descampado.

Não se instalou na Capitania do Ceará as ricas ordens religiosas com o fausto de seus conventos, monastérios e igrejas revestidas de ouro, mármores e azulejos. A escassa e rarefeita passagem dos jesuítas pouco legado nos deixou.

As vilas sertanejas que conheceram algum desenvolvimento econômico viviam envoltas na rusticidade e absoluta ignorância por falta de instituições de ensino.

A disputa de poder entre Capitães-mores e ouvidores gerava violência e conflitos, agravava a disputa por terras entre sesmeiros e colonos que diante da parcialidade dessas autoridades faziam justiça com as "próprias mãos". A exploração da mão de obra dos índios era grave problema.

O decreto real estabelecendo a separação não operou milagres. A situação de abandono é uma constante na realidade do Ceará. Assim foi com a metrópole no período colonial, no período regencial com Dom João Vl e todo o império. Reflexão para os dias atuais.

O que de rico tivemos foi a bravura e dedicação de homens que tudo deram por esse torrão. Hoje Viva a Heróis como Pero Coelho de Sousa, Martim Soares Moreno, Mathias Beck, o português e pioneiro no plantio de algodão Antônio José Moreira Gomes, Bernardo Manuel de Vasconcelos primeiro governador do Ceará, José Martiniano de Alencar o Senador Alencar, Senador Pompeu, Antônio Diogo de Siqueira, Guilherme Studart o Barão de Studart, o Reitor Martins Filho, o General Sampaio, General Tibúrcio e tantos outros que em seus mister buscaram incansavelmente o desenvolvimento econômico, intelectual e disciplina militar do Ceará.

  
Jucá Neto (2012)

Jucá Neto (2012)
Armando Farias

GIRÃO, Raimundo. Pequena história do Ceará. 2. ed. Fortaleza: Editora Instituto do Ceará, 1962.
GIRÃO, Raimundo. Geografia estética de Fortaleza. Fortaleza: Imprensa Universitária do Ceará, 1959.
JUCÁ NETO, Clovis Ramiro. Primórdios da urbanização no Ceará. Fortaleza: Banco do Nordeste; Imprensa Universitária UFC, 2012.

ቅዳሜ 14 ጃንዋሪ 2023

O LICEU DO CEARÁ E O PROFESSOR OTÁVIO FARIAS

Brasão do Liceu - Foto cedida pela família

Prédio antigo do Liceu do Ceará - Foto cedida pela família

A historiografia de Fortaleza faz justa homenagem o Colégio Liceu do Ceará, porém pouco lembrado é um volto de grande saber intelectual e que está diretamente ligado à direção do Liceu do Ceará no período que vai de 1934 a 1945. Trata-se do Dr. Professor Otávio Farias. Sua formação era de Bacharel em Ciências Jurídicas e possuía grande conhecimento sobre a língua portuguesa.

Trago aqui um mine currículo que foi gentilmente cedido pela família bem como fotos do Liceu no período de sua atuação.

Otávio Terceiro de Farias - Foto cedida pela família

OTÁVIO TERCEIRO DE FARIAS

Filho de José Ribeiro de Farias e Maria Terceiro de Farias. Nasceu em Sana Quitéria no dia 24 de Julho de 1899. Alfabetizado por uma sua Irmã, em fazenda onde morava com a família, próxima a vila, nesta iniciou ele os estudos primários em escola particular. Em 1911, a chamado do Padre Tabosa, continuou os estudos no Colégio São Luiz, de Pacoti, sob a direção do Dr. Meneses Pimentel. Com algumas interrupções, estudou nesse colégio até 1918.

Já em Fortaleza prestou exames parcelados (preparatórios) no Liceu do Ceará. Matriculou-se na Faculdade de Direito em 1923 e colou grau no dia 11 de agosto de 1927, quando se celebrava o primeiro centenário de instalação dos cursos jurídicos no Brasil.

 Nomeado Adjunto de Professor da Capital, como quintanista de direito, teve oportunidade de substituir mais de uma vês os titulares Dr. Clodoaldo Pinto e Dr. J.J. Pontes Vieira. Foi seu primeiro emprego publico.

No Colégio São Luiz, de Fortaleza, serviu em todos os postos; econômico, auxiliar de disciplina (prefeito naquele tempo), secretário, tesoureiro, professor primário e secundário, vice-diretor e diretor, sempre em colaboração com o Dr. Meneses Pimentel.

Com a transferência do estabelecimento para outro proprietário negou-se a continuar no seu quadro docente.

Apresentando as teses “Colocação de Pronomes” e “Conjunções” em 1929 fez concurso para a primeira cadeira de Português do Liceu do Ceará, vaga com a morte do Professor Armando Monteiro e ocupada, interinamente, pelo Professor Hermínio Barroso, também diretor da casa na época. Foram seus examinadores; Martinz de Aguiar, Guilherme Moreira de Sousa e Joel Linhares. Aprovado assumiu o caro naquele mesmo ano.

Nomeado Vice-Diretor do Liceu em 1934, assumiu a direção em 1935, quando o titular Dr. Luis Costa foi transferido para igual cargo na Escola Normal. Já como Diretor, esteve a frente do estabelecimento desde 1935 a outubro de 1945. Sua direção está ligada a dois fatos importantes para a vida e história do Liceu: a transferência da sede da Praça das Mongubeiras (Voluntários) para a Praça Fernandes Vieira, hoje Gustavo Barroso; as festas comemorativas de seu primeiro centenário, para as quais organizou variado programa, com banquete competições esportivas, paradas e reuniões cívicas, encerrando-se com a seção mana do dia 19 de Outubro de 1945.

Naquela época foram criados os cursos noturnos, que foi Professor e Diretor. Igualmente, instalaram-se  os cursos complementares, Pré-Técnico e Pré-Jurídico, de que foi também Diretor e os quais seriam depois substituídos pelo curso colegial  2* ciclo.

Convidado pela União Norte- Brasileira de Educação, dos Irmãos Maristas, um dos fundadores da Faculdade Católica de Filosofia, em 1947 como professor de Língua Portuguesa. Exerceu a chefia do Departamento de Línguas Clássicas e, de 1956 a 1961, o caro de Diretor, eleito por 32 dos 37 membros da Congregação, presentes a sessão.

Agregada a Universidade, a Faculdade foi encampada pelo Estado em 1965, com a designação de Faculdade de Filosofia do Ceará. Apesar de nomeado de acordo com o ato de encampação, não assumiu o exercício do novo cargo oficial, por não lhe permitir a lei de acumulação.

Com a criação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, em 1962, foi convidado pelo Reitor Martins Filho para a cadeira de Língua Portuguesa, nomeado pelo Presidente da República como catedrático interino. Ai foi chefe do Departamento de Letras com mandato anual renovado por eleição de seus pares, até o seu afastamento da faculdade, a qual dirigiu eventualmente em substituição ao Diretor.

Estabilizado segundo disposições da Constituição de 1967, passou a ser professor titular da Faculdade de Letras.

Depois de tomar parte na experiência do ano vestibular, como representante da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, ainda com essas mesmas credenciais, interou a Comissão de Coordenação Geral do Concurso de Habilitação, criada em 1963 pela Resolução 139 do Conselho Universitário. Inicialmente designado como Presidente pelo Vice- Reitor Renato Braga, nos anos subsequentes teve seu mandato renovado pelo voo de seus colegas até 1971, quando, com a restauração da Comissão foi designado pelo atual Reitor como seu Presidente, com mandato de dois anos.

Outras atividades e títulos ao magistério: 

  1. Durante o ano de 1937, professor contratado para turmas suplementares de Português do Colégio Militar. 
  2. Por alguns anos recente de turmas suplementares de Português da antiga Escola Normal Justiniano de Serpa e professor interino na Cadeira de Português, durante o afastamento do titular – Professor José Valdivino, quando este exercia o cargo de Diretor. 
  3. Examinador do Concurso de Português da Escola Normal do Ceará, quando um dos candidatos era o Professor Ermino Araujo, vencedor. 
  4. Examinador do Concurso de Português da Escola Normal do Recife em 1934, no qual saiu vencedor o Professor Aníbal Bruno, Diretor da Instituição do Estado de Pernambuco. 
  5. Professor de Português (conteúdo) da C A. DES, Fortaleza, São Luis em 1959; Salvador em 1960. 
  6. De 1964 a 1966, Diretor do Departamento de Ensino do 2* Grau, tendo por várias vezes substituído  o Secretário de Educação, por designação do Governador do Estado. 
  7. Até 1971, Coordenador da Junta do Planejamento da Secretaria de Educação. 
  8. Assessor da Secretaria de Educação para assuntos Universitários.


Obs. Aposentado como Professor EM-4, por ato do Governador do Estado, datado de 3.4.1968 e como Professor Titular da Faculdade de Letras da UFC, por ato do Magnífico Reitor de 18.8.1969.

“Professor Emérito” título concedido pela Universidade Federal do Ceará em 1970, e pela Faculdade de Filosofia do Ceará em 1972.

Faleceu em 1977 aos 78 anos de idade no Hospital Regional da Asa Sul na Capital Federal vítima de Acidente Vascular Encefálico.

Galeria de fotos Liceu do Ceará

 

 














Fotos cedidas pela família